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Muitos, milhares, homens, mulheres, cristãos e não cristãos, têm passado, nestes tempos de pandemia do coronavírus (covid-19), períodos de perdas em suas finanças, empregos, empresas, casamento, saúde e até de entes queridos. A dor é indescritível, mas é preciso reagir para seguir adiante. Convido você a refletir e, com a graça de Deus, praticar os seguintes conselhos:

Não armazene suas dores. As perdas produzem emoções que podem destruir uma pessoa: raiva, medo, ansiedade, depressão e, não raras vezes, culpa e negativismo. Alguns fingem que não passam por esses sentimentos. Mas as emoções são verdadeiras e não devemos negá-las. Se sufocadas, podem refluir anos mais tarde. Existe um pseudocristianismo afirmando que crente que é mesmo crente “não chora”, “não pode dizer que está doendo”, “sempre dando glórias e aleluias”. Nunca devemos negar as dores. Mas viver é paradoxo, viver é controverso. A vida é como um sono ligeiro. Choramos e alegramos. A Bíblia diz que os que choram serão consolados. Quando há perdas em nossas vidas, é natural sentir dor, a ausência, a falta e saudades. Em tempos de dor e muitas mortes na pandemia, derrame seu coração diante do Senhor, diante de conselheiros fiéis, de irmãos amados e de amigos e amigas do coração.

Esteja aberto a receber ajuda. Sentir vontade de ficar longe de todo mundo, de tudo e de todos, quando se enfrenta sofreres, é um sentimento comum. O isolamento social da pandemia incentiva isso ainda mais. Entretanto, a Bíblia diz que devemos ajudar uns aos outros durante os tempos difíceis e também estar aberto a receber ajuda: “Consolem-se uns aos outros com essas palavras” (I Ts 4.18); “Levai as cargas uns dos outros” (Gl 6.2). Quando passamos por perdas e dores, precisamos do apoio e da percepção e perspectiva de outras pessoas. Sozinhos não conseguimos ver a não ser a dor e a perda. Os pequenos grupos e os ministérios da igreja são rede de suporte. É claro que nem todos terão o suporte pessoal de um pastor, pessoalmente e ou particularmente, mas ninguém deveria abrir mão do suporte de famílias, irmãos e irmãs. É proposito de Deus que a igreja edifique e console a própria igreja. Consolemos uns aos outros e sejamos comunidade consoladora no poder e na força do Espírito Santo, o Consolador.

Lute contra a amargura e a mágoa. Todo ser humano já foi ferido ou será por outras pessoas, tanto da família como de qualquer outro relacionamento. Eles nos machucarão de modo intencional ou não. Também já fizemos e faremos isso com nossos parentes, amigos, irmãos na fé e até estranhos. Todos somos pecadores. Se diante de perdas, ofensas ou calúnias reagirmos com amargura e cultivarmos mágoas, prejudicaremos a nós mesmos e os que estiverem ao nosso redor. “Fiquem atentos para que não brote nenhuma raiz venenosa de amargura que cause perturbação, contaminando muitos” (Hb 12.15).

Alguns passos práticos para ajudá-lo na batalha contra a amargura em tempos de dor e luto:

a) Aceite o que você não pode mudar;

b) Creia que Deus tem um caminho na tempestade. A fé não nega a dor, mas recusa-se a desanimar diante das duras realidades;

c) Cresça em ações de graças. Faça uma lista de gratidão. Olhe para o que Deus lhe tem dado. Relacione, pelo menos, umas 70 realidades. Amargura e ações de graças não habitam no mesmo lugar;

d) Não faça o jogo da culpa. Não procure culpados;

e) Resolva firmemente desenvolver uma atitude positiva.

Concentre-se naquilo que é fundamental. Perdas e dores mexem com tudo em nossa vida. Desafiam-nos a reavaliar nosso modo de viver, prioridades, uso do tempo, valor das pessoas, compromisso com o Evangelho de Cristo e a realinhar nossa cosmovisão com os valores eternos. Durante este tempo de luto e dor na nação e no mundo, é fundamental discernir o que realmente vale a pena, por que, para quê vivemos e qual o maior alvo da vida. “Sobre tudo o que se deve guardar, guarde o seu coração”.

Cuide de si mesmo. Você que foi atingido por uma perda, lembre-se de que há pessoas ao seu redor que precisarão do apoio, de sua ajuda e de sua cooperação. Por favor, não entregue os pontos. Não desista da vida. Sua vida não acabou. Cuide-se. Reaja. Invista em sua saúde. Você precisa estar bem. Mantenha os cuidados e atenção com sua própria saúde física e mental. Como as aeromoças sempre lembram aos passageiros antes do avião decolar: “Em caso de despressurização, as máscaras de oxigênio cairão automaticamente. Caso esteja acompanhado de alguém que necessite de sua ajuda, coloque sua máscara primeiro para em seguida ajudá-lo”. Por que essa importante medida de segurança? Com a queda de saturação dos níveis de oxigênio, em minutos uma pessoa normal deixará de respirar e não conseguirá mexer as mãos, logo, é preciso ter certeza de que você não vai ficar inconsciente para ajudar quem estiver do lado. Cuide-se, caso contrário, você não vai conseguir seguir adiante, ajudar ninguém, muito menos a si mesmo. Tome as providências a partir deste momento para restaurar sua saúde.

Confie no Senhor Jesus Cristo. Deus é o nosso refúgio. Cristo tem força para nos ajudar por intermédio das circunstâncias mais duras. Quando enfrentamos perdas e dores devemos reabiblar nossos corações e afirmar para nós mesmos que devemos nos estabilizar em Deus. Quando enfrentamos tribulação e circunstâncias adversas, necessitamos de equilíbrio e estabilidade. Também necessitamos de esperança e direção. Jesus é a esperança viva. A Palavra de Deus claramente nos fala que o Senhor quer nos orientar: “Eu lhe ensinarei o caminho por onde você deve ir, eu vou guiá-lo e orientá-lo. Não seja uma pessoa sem juízo como o cavalo ou a mula, que precisam ser guiados com cabresto e rédeas para que lhe obedeçam” (Sl 32.8-9). Compartilhe o Evangelho de Cristo. Há muitas pessoas que estão abertas para o Evangelho e sofrendo perdas e dores ao seu lado. Tenha segurança em Cristo e aponte a salvação em Cristo Jesus.

Recomece e (re)construa novos tempos. Nestes tempos de pandemia e dores, não sabemos explicar tudo ou quase nada. Mas podemos ter motivo de esperança no Evangelho de Cristo. Se permanecemos nesta terra, Deus tem propósito para cada um de nós. Oremos, busquemos seus conselhos. Leiamos e ouçamos sua Santa Palavra, dando um passo adiante, ainda que seja um passo pequenino. É preciso recomeçar, reconstruir, continuar, reinventar a vida. Que o Senhor Jesus derrame sua graça sobre todos nós que sofremos e somos parte desta sofredora família humana. Sejamos consoladores e encorajadores enquanto oramos: Maranata, vem Senhor Jesus!

Pr. Jeremias Pereira • Pastor Titular