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Pr. Jeremias

Reavivamento, unidade e amor

É mais prejudicial para o Evangelho e a evangelização um cristão superficial ou carnal do que um incrédulo. O incrédulo pode perseguir, zombar, blasfemar contra o Evangelho, e muitas vezes isto se torna um poderoso combustível para o progresso do mesmo. Um cristão carnal é um escândalo, um tropeço, um impedimento para que os incrédulos cheguem ao pleno conhecimento da Verdade. Assim, um reavivamento é uma obra de Deus para tirar toda superficialidade e carnalidade e dar um sentido profundo e radical na vida cristã dos que professam o nome de Jesus.

“Em João, Jesus fala sobre uma unidade verdadeira, visível, prática. Uma unidade prática através de todas as barreiras, entre todos os cristãos verdadeiros. O cristão realmente tem uma tarefa dupla. Tem que praticar a Santidade e o amor de Deus. Deve mostrar que Deus existe como infinito e pessoal; e simultaneamente mostrar seu caráter de santidade e amor. Não há Santidade sem o amor: isso é somente aspereza. Não há amor sem Santidade: isso é somente uma acomodação. Tudo aquilo que um indivíduo ou grupo cristão venha a fazer, que deixe de mostrar o equilíbrio simultâneo de Santidade e do amor de Deus, apresenta, a um mundo atento, não uma demonstração, mas uma caricatura de que Deus existe”.

De acordo com as Escrituras e os ensinamentos de Cristo, o amor demonstrado deve ser extraordinariamente grande – não se trata somente de algo que, com palavras, mencionado de quando em vez.

Amor visível

O amor visível é algo muito simples: “Quer dizer que, quando cometo um erro e quando deixo de amar a meu irmão cristão, dirijo-me a ele e digo: desculpe-me. Isto vem em primeiro lugar. Nós, como cristãos, quando deixamos de demonstrar amor uns para com os outros em nosso próprio grupo, em nossa própria comunidade cristã, mesmo em nossas famílias, não pedimos desculpas automaticamente. Mesmo no plano mais simples nunca é muito fácil. Pode parecer simplista começar dizendo que sentimos muito, que pedimos perdão, mas não o é”.

Esta é a maneira de restabelecer a confraternidade, quer seja entre marido e mulher, pai e filho, numa comunidade cristã ou entre grupos. Quando demonstramos falta de amor para com os outros, somos chamados por Deus a dizer: “Desculpe-me… realmente sinto muito”. Se não disponho a dizer: “Desculpe-me”, quando fui injusto com alguém especialmente quando não lhe demonstrei amor nem sequer comecei a pensar sobre o significado da unidade cristã que o mundo pode presenciar. 

O mundo tem o direito de duvidar que eu seja cristão. E, mais do que isso, deixe-me dizê-lo outra vez, se não disponho a fazer algo tão simples, o mundo tem o direito de duvidar que Jesus tenha sido enviado por Deus e que o cristianismo é verdadeiro. Quantas vezes nos dirigimos a cristãos de nosso próprio grupo, ou de outros grupos, e pelo poder do Espírito Santo, dissemos: “Desculpe-me”? A prática visível da Verdade e do amor andam de mãos dadas com a proclamação das boas-novas de Jesus Cristo.

“Tenho observado algo entre cristãos verdadeiros, em suas divergências em muitos países: o que divide e mantém separados os verdadeiros grupos cristãos e os cristãos individualmente – o que deixa uma mágoa que pode durar 20, 30, 40 anos (ou 50, 60 na memória dos filhos) não é a questão doutrinária ou crença que tenha causado a disputa inicial. E invariavelmente a falta de amor – as palavras ásperas que são ditas pelos cristãos verdadeiros em meio às divergências. Esta, como cola, adere à mente. E depois que o tempo passa, as divergências entre os cristãos ou grupos parecem menos que antes, ainda permanecem aquelas palavras amargas, muito amargas, que dissemos em meio ao que pensamos numa discussão objetiva, boa e adequada. São coisas assim – estas atitudes e palavras sem amor – que provocam a má impressão que o mundo pode sentir na Igreja de Jesus Cristo entre aqueles que realmente são cristãos”.

“Se, quando sentíssemos que deveríamos discordar como verdadeiros cristãos, simplesmente controlássemos a nossa língua e nos expressássemos com amor, em cinco ou dez anos toda a amargura poderia ter fim. Ao invés disso, deixamos máculas – uma desgraça por gerações. Não somente na igreja, mas no mundo”.

“O mundo olha, encolhe os ombros e se afasta sem conseguir ver nem a igreja viva, em meio a uma cultura agonizante. Sem chegar a ver o que Jesus aponta como a apologética final – a unidade visível entre verdadeiros cristãos que são verdadeiramente irmãos. Nossas línguas ferinas, a falta de amor entre nós -, não as necessárias declarações de divergências que possam existir entre verdadeiros cristãos – isso é propriamente o que aflige ao mundo”.

“Como isso é diferente da ordem franca e direta de Jesus Cristo, que consiste em mostrar uma unidade visível que possa ser observada por um mundo atento!”.

Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35).

Pr. Jeremias Pereira – Pastor Titular

*Obs.: a maior parte do texto aparece entre aspas, pois foi extraído do livro: A Igreja no Ano 2001. Dr. Francis A. Schaeffer.