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Estudos e artigos

Fidelidade na cidadania

“Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Filipenses 3.20)

Ao longo de um ano, entre 2011 e 2012, tivemos o privilégio de viver como família fora do país, quando realizei um curso de mestrado nos Estados Unidos. Lá vi de perto o que é viver longe da pátria, com as dificuldades culturais, linguísticas, de clima, etc. Mas lá também tive experiências marcantes.

Um certo dia, o professor da sala do meu caçula, Estêvão, perguntou-me se eu poderia dar uma pequena palestra sobre o Brasil para os alunos, pois eles estavam enfocando o nosso país e nossa cultura naquele ano, dentro de um projeto de conhecer culturas diferentes. Prontamente atendi e dei uma palestra recheada de fotos e fatos sobre o Brasil. A criançada adorou, bem como o professor, que se confessou um admirador da cultura brasileira, inclusive dizendo adorar feijoada.

Por outro lado, eu também me senti orgulhoso por ter tido a oportunidade de propagar um pouco do que somos e vivemos como nação. Isso tudo, é claro, vestindo a camisa canarinho da nossa Seleção Brasileira. Eu estava nos Estados Unidos, vivendo de muitas formas como um americano, mas tudo apontava para o fato de eu ser, na verdade, brasileiro.

Quando Paulo disse aos Filipenses que nossa pátria está nos céus, ele não queria comunicar aos seus leitores que eles deveriam desprezar o lugar em que viviam ou mesmo sua origem inicial, sendo eles de Filipos ou de qualquer outra região. Ele intentava lembrá-los que, ainda que morassem em Filipos, eles, a partir do momento que se entregaram a Cristo, passaram a ter uma cidadania superior.

Para as pessoas que viviam debaixo do controle do Império Romano, isso carregava um sentido especial. Ser cidadão romano era algo de muito valor, a ponto de um comandante da guarda romana se assustar com o fato de Paulo ter tal cidadania sem ter investido dinheiro algum para isso (Atos 22.28). O governo romano tinha certa prática com os soldados mais velhos. À medida que iam chegando ao final da carreira, eles naturalmente tendiam a retornar para Roma, o que, para o imperador, poderia significar problema. Soldados e oficiais experientes e vividos morando em Roma poderia se tornar um combustível para revoltas dos seus inimigos. Assim, eles enviavam esses soldados para cidades das diversas províncias, dando-lhe cidadania romana (a maioria não tinha), com a tarefa de cultivar os valores do Império e ensinar as províncias conquistadas o que é ser um habitante sob o governo de César.

Com essa ideia em mente, Paulo nos ensina que somos cidadãos dos céus, com uma pátria superior, não para que vivamos desconectados da terra, mas, antes, representantes do Reino dos Céus, onde estivermos. Assim, somos embaixadores em nome de Cristo (2 Coríntios 5.20), vivendo os valores do Reino de Jesus neste mundo.

Como brasileiros tocando samba com a camisa da seleção na praça de uma cidade-sede da Copa do Mundo, somos chamados a evidenciar nossa nacionalidade celestial por meio da proclamação do Reino de Deus e dos valores que permeiam esse Reino. Se onde estamos impera a violência, a mentira e a falta de amor, como cidadãos do Reino somos conclamados a viver como pacificadores, caminhando na verdade e no amor.

Enquanto todos exaltam seus ídolos ou seus próprios feitos, nós exaltamos o nome de Cristo. Ao vivermos uma contracultura para o mundo, evidenciamos a cultura da nossa verdadeira pátria, os Céus, morada do Trono de Deus. Enquanto isso, aguardamos a vinda definitiva do Rei desse Reino, que de uma vez por todas restaurará todas as coisas, passando a ser, integralmente, o Rei de todos os reinos e o Senhor de todas as coisas. Por isso aguardamos, mas também por isso vivemos.

Lembre-se disso: sua casa é uma embaixada do Reino de Deus e você é chamado a ser esse embaixador que não só representa sua Pátria na terra, mas ensina as pessoas a serem, também, participantes dessa nova realidade.

Pr. Luís Fernando Nacif Rocha · Pastor Auxiliar