Deixe o deserto moldar você
Desertos podem ser literais ou figurados. Os desertos fazem o que os desertos devem fazer, se nós os deixarmos trabalhar. Todos são levados ao deserto uma e outra vez na vida. Uma doença, a perda de um emprego, uma separação conjugal, uma luta familiar, problemas na igreja, e a lista segue. Às vezes, escolhemos ir. Decidimos fugir das luzes para ficar mais na solidão de nossa alma com o Deus vivo. A fama ou ausência dela, o ativismo, a grande visibilidade (ou a falta dela) nos ilude e nos engana muitas vezes.
O deserto é um lugar solitário e que pode nos desestruturar. Desertos não são parques de diversões, lugares convenientes, confortáveis ou ambientes de show e lazer. Eles esmagam o poder e a fraqueza humana. No deserto nossa teimosia, vaidade e soberba são provadas. No deserto somos expelidos de nossa zona de conforto.
Para sobreviver no deserto é preciso dedicação, esforço, esmurrar o próprio corpo, o apoio de várias pessoas e ter comunhão com o Eterno, se não a gente não aguenta. É preciso muita energia e empenho para realizar o mínimo.
O deserto pode domar nossa alma, se permitirmos. Pode nos modelar em um ser humano semelhante a Cristo. Descobrimos no deserto que não podemos controlar nada. No deserto a escala de valores muda. Brinquedos como consumismo, acumulação, fama, carros, roupas, aparência física, orgulho e egocentrismo perdem seu valor.
O deserto pode nos ajudar a desenvolver uma pele mais grossa (somos hipersensíveis) e um coração mais quebrantado. No deserto descobrimos o quanto precisamos dos outros. E aprendemos que Jesus Cristo é quem está no controle e não nós, por mais ansiosos, tensos, preocupados e chateados que estejamos.
No deserto nos sentimos frustrados. Todo esforço e luta dá um resultado pífio. A sensação de incompetência é horrível. Sentimo-nos abandonados e infrutíferos. Muita coisa pode estar acontecendo em nossa alma e ainda não percebemos, mas os resultados visíveis são desanimadores.
No deserto abandonamos as soluções fast-food, simplistas e rápidas. No deserto, muitas vezes, nem ouvimos a voz de Deus.
Se você permitir que o deserto molde seu coração, novas capacidades de frutificar serão liberadas em sua vida. Você, e cada um que deixar o deserto lhe moldar, aprenderá a suportar os altos e baixos da vida cheios de fé e de esperança.
No deserto você precisa de mentores. Conselhos externos. Alguém que está fora do problema. Não pode ser alguém próximo e envolvido nas suas lutas. O propósito do mentor não é saber o que fazer, mas ajudar você a descobrir o que deve ser feito, o que é que você precisa e tem que fazer.
Há bênçãos que lhe alcançarão, atingirão a sua família e impactarão o reino de Deus apenas se o deserto lhe moldar. Por favor, faça essa escolha. Deixe o deserto moldar você.
(Texto publicado no dia 24 de julho de 2011).
Pr. Jeremias Pereira
Pastor Titular