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A PALAVRA EM DISPUTA

Foto: David Nascimento

Não existe geração mais exposta à informação do que a nossa. Na Europa da época da invenção da prensa, ideias antes confinadas aos centros de estudos se espalharam pelas ruas em folhetos e livros impressos de forma inédita. A diferença é que hoje, com a internet e o smartphone, esse efeito é potencializado aos milhares. Não só textos, mas fotos e vídeos de todos os tipos, lugares e épocas estão à nossa disposição a qualquer hora.

Com tamanha concorrência, o grande desafio do homem pós-moderno não é buscar o conhecimento, mas saber filtrá- lo. Ao mesmo tempo que temos ao alcance de um clique artigos e matérias fantásticas sobre qualquer assunto, também temos vídeos de pegadinhas, memes, animais bonitinhos e humanos nem tanto. E tudo isso concorrendo nas mesmas vinte e quatro horas diárias que Deus nos deu, desde a fundação do mundo.

No meio dessa disputa, não é de estranhar que a Palavra de Deus sofra tanto para achar lugar em nossa agenda. É certo que a meditação nas Escrituras sempre sofreu com a concorrência, mas a concorrência da própria carne, que tenta rejeitar aquilo que há de mais poderoso contra o seu domínio: uma vida dirigida pelo Espírito Santo.

Jesus já havia alertado sobre o perigo de se viver uma vida alheia à Palavra de Deus, quando, arguido sobre a ressurreição, disse aos saduceus: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22.29). Conhecer bem a Palavra de Deus é prerrogativa para uma vida bem-sucedida, pois é nela que encontramos o que nos mantém de pé e ligados na fonte da vida.

Dessa forma, no mês que comemoramos o Dia da Bíblia, precisamos rever nossa relação com esse que é muito mais que um livro, mas a Palavra viva do Deus vivo e verdadeiro. Assim, nós nos aprofundamos no conhecimento das Escrituras porque:

– Nela podemos conhecer melhor nosso Deus e Senhor.

O profeta Oséias já alertava o povo de Deus no passado: “Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra” (Os 6.3). É impossível chegar a um ponto em que dizemos que já conhecemos Deus o suficiente. Ele é infinito e se revela dia a dia. Assim, buscá-lo na Palavra não é uma opção para o verdadeiro cristão.

O apóstolo João também percebeu a força disso no ensino de Jesus: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos” (Jo 8.31); “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (Jo 14.23); e “Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7). Na Palavra de Deus não se entra ou sai, se permanece.

– Nela recebemos transformação de vida.

Vários são os testemunhos de pessoas que leram livros motivadores que geraram uma mudança na vida delas. Entretanto, quando se afirma que a Bíblia gera transformação de vida, estamos falando de algo muito mais profundo. Não é o contato com ideias ou conceitos novos, mas o poder do próprio Espírito Santo agindo na vida daquele que lê de uma forma sobrenatural. Não são poucos os testemunhos ao redor do mundo de gente que começou a ler a Bíblia com o objetivo de prová-la errada e acabou plenamente convencido de que Jesus Cristo é o Senhor dos Senhores.

Por isso, Jesus, no mesmo evangelho, diz: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17); e “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida” (Jo 6.63).

– Nela recebemos capacitação para nossa missão

Em se tratando de humanidade, a Bíblia nos mostra de onde viemos, onde estamos e para onde iremos. Ainda que tente se extrair dela o que ela não interessa em dizer, como detalhes de datas e fatos, uma coisa é certa: Deus prepara o fim dessa era com a volta de Jesus, em glória.

Entretanto, não é sentado na beira da calçada que encaramos esse fato. A Palavra nos chama à ação, ou melhor, à proclamação. Por isso, conhecer bem o texto bíblico faz parte da nossa missão: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” (2 Tm 2.15), pois “a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17).

Só vamos proclamar a Palavra de Deus à medida que ela estiver dentro da nossa mente e do nosso coração, pois “a boca fala do que está cheio o coração” (Mt 12.34).

Encha seu coração da Palavra de Deus. Nessa virada de ano, comprometase com a leitura da Bíblia. Não se deixe vencer pelos memes e vídeos de pegadinhas. Eles podem até ser engraçados, mas são nada mais que devoradores da nossa vida.

Pr. Luís Fernando Nacif Rocha

Pastor auxiliar

Coordenador do Cetro