Missões em um mundo turbulento
“Quão formosos são os pés dos que anunciam boas notícias!”. Essa declaração, feita por Isaías séculos antes de Jesus, e repetida por Paulo, décadas depois da vinda do Messias (Is 52.7; Rm 10.15), comunica a imagem de alguém sendo bem recebido pelas pessoas que escutam essa “boa notícia”, como quem traz um presente de grande valor. Apesar de sabermos que não existe notícia mais fantástica do que o Evangelho, a receptividade nem sempre é assim tão efusiva.
Ao enviar seus discípulos dois a dois para pregar o evangelho (Lucas 10.1-24), Jesus preparou-lhes o coração: “Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (v. 3). A mensagem era de salvação, mas ele “veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1.11). Desde então, fazer Missões sempre foi uma tarefa árdua em um mundo turbulento. A pregação de arrependimento traz quebrantamento para os escolhidos, mas rejeição, muitas vezes violenta, da parte daqueles que não são do aprisco do Senhor.
Ao preparar os discípulos para esse test-drive missionário, Jesus os alerta de outra forma: “Quando, porém, entrardes numa cidade e não vos receberem…” (Lucas 10.10). A falta de receptividade não era uma questão de “se”, mas de “quando”. E já próximo de sua partida, Jesus declarou-lhes, “não é o servo maior do que seu senhor. Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros… Tudo isto, porém, vos farão por causa do meu nome, porquanto não conhecem aquele que me enviou” (João 15.20-21).
Os tempos de Jesus e de seus primeiros discípulos não podem ser considerados nem melhores nem piores que os de hoje. A humanidade vive uma existência turbulenta desde a queda, e essa turbulência afeta cada geração, de pelo menos, duas formas:
→ Dificuldades para pregar o evangelho: a Palavra de Deus é clara em pintar os últimos dias como sendo uma época de homens “egoístas, avarentos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, ...” (2 Timóteo 3.1-5). Que lista terrível! Se tentar viver em santidade e amor em um ambiente assim já é um desafio, imagine ainda proclamar esse estilo de vida como sendo o padrão para todos?! Não é à toa que Paulo alerta Timóteo que “todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3.12).
→ Oportunidades para pregar o evangelho: Jesus sabia das condições turbulentas que seus seguidores teriam para viver e pregar o evangelho, mas nem por isso reduziu a tarefa: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15). Simples, não? Mas esse mesmo mundo turbulento tem uma fome e sede que só Jesus pode saciar: “Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mateus 10.8; Lucas 10.9). Jesus é o pão da vida, a luz do mundo, o bom pastor, a ressurreição, o caminho, a verdade e a vida. Para um mundo atribulado, sem paz e esperança, não há outra mensagem além de Jesus Cristo, morto e ressurreto, e que hoje Reina acima de todas as coisas. A falta de paz, segurança e saúde em nosso mundo só ressaltam a necessidade da vitória de Jesus na cruz.
Dificuldades e oportunidades não são situações mutuamente exclusivas. Na verdade, até nas famosas histórias de superação vemos homens e mulheres alcançando feitos inéditos em meio a enormes adversidades. Como bem disse C. S. Lewis, pensador cristão e autor de “As Crônicas de Nárnia”, “Adversidades costumam preparar pessoas ordinárias para um destino extraordinário”. Se isso acontece com objetivos pessoais e temporais, muito mais com um servo ou uma serva de Jesus trabalhando para glorificar o nome do Senhor em sua geração.
Pr. Luís Fernando Nacif Rocha
Pastor Auxiliar