2018, o Ano da Fidelidade
“A tua fidelidade estende-se de geração em geração; fundaste a terra, e ela permanece. “ (Salmo 119.90)
Não, a fidelidade não está desvalorizada. Por mais que se possa propagar que ela está em desuso, isso não é verdade. Canais de TV buscam a fidelidade dos telespectadores. Grandes redes de supermercados criam programas para fidelizar seus clientes. Políticos fazem de tudo para manter o voto de seus antigos eleitores. Na verdade, o efeito do pêndulo pode muito bem ser aplicado nesse caso. Quanto menos ela é praticada, mais a fidelidade se torna de enorme valor. Afinal de contas, quem nunca ouviu alguém dizendo algo como “em fulano você pode confiar, ele cumpre o que fala”, como se fosse uma pessoa de um tipo diferente, raro, valioso.
Fidelidade é a característica do que é fiel, do que demonstra zelo e respeito por algo, do que é leal, constante em seus compromissos. Fidelidade está ligada, especialmente, à palavra empenhada, pois costumamos assumir compromissos verbais antes de torná-los práticos. O compromisso conjugal é declarado no altar antes de ser praticado no casamento. O compromisso com a pátria é declarado no juramento do soldado diante da bandeira antes de servir ao exército. O batismo com água é precedido pela declaração pública da fé em Cristo como compromisso diante de Deus e da Igreja. A verdadeira fidelidade reside no casamento de palavra e ação, onde o que foi dito é vivido de forma plena, responsável e livre.
Por causa disso, nada mais natural que relacionar tal atributo ao Deus revelado na Bíblia Sagrada. O Deus das Escrituras é reconhecidamente fiel porque explicitamente cumpre aquilo que promete. Ele fez isso ao longo do Antigo Testamento, preservando a semente de Abraão e Davi até a chegada do Messias, Jesus Cristo. Mas, Ele continua sendo fiel ao cumprir Suas promessas de resgatar a humanidade e começar uma Nova Criação por meio de Seu Filho. Por isso, tanto autores do AT quanto do NT não se cansam de expressar o quanto a fidelidade de Deus é visível e tangível. O salmista diz que “o SENHOR é fiel em todas as suas palavras e santo em todas as suas obras.” (Sl 145.13b). Já o autor de Hebreus nos alerta para que “guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hb 10.23).
Numa época em que palavra e atitude parecem estar completamente desconectadas em todas as esferas da nossa vida, nada melhor que dedicar um tempo para aprender o que é uma vida de fidelidade com o Deus de Jesus Cristo. Em nossa geração, temos sido constantemente pressionados a aceitar a redefinição do conceito do casamento; somos acostumados à prática da mentira culturalmente institucionalizada, seja nos governantes, seja no troco na padaria da esquina; permitimos que os compromissos assumidos hoje tenham prazos de validade cada vez menores, pois não estamos dispostos a assumir o preço da responsabilidade daquilo que assumimos. Assim, precisamos mais do que nunca reaprender a Fidelidade. E ninguém melhor que o Senhor Jesus para nos ensiná-la como quem ensina um canoeiro a remar contra a maré, rio acima.
O que queremos (re)aprender ao longo de 2018, o apóstolo Paulo já havia aprendido e ensinava seu pupilo Timóteo, que “se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Tm 2.13). Por causa dessa Fidelidade, estamos vivos, pois constantemente quebramos nossa aliança com Ele, mas “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1.9). Por isso, Jesus escreve às igrejas do Apocalipse, “Sê fiel até à morte, e darte-ei a coroa da vida” (Ap 2.10).
Depois de andarmos na Esperança em 2017, somos convocados nesse ano de 2018 a uma caminhada renovada na Fidelidade do Senhor, aprendendo em sua Palavra e rogando para o que Espírito Santo a aplique em cada área de nossa vida, para que possamos refletir o caráter de Cristo por onde passarmos, sendo realmente conhecidos e reconhecidos como sal da terra e luz do mundo. E vamos caminhar juntos, pois a fidelidade de Deus se expressa na vida em comum da igreja, como bons despenseiros dos dons expressos na multiforme graça do Espírito (1 Pe 4.10).
“Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel.” (1 Co 4.2)
Pr. Luís Fernando Ncif Rocha
Pastor Auxiliar