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Estudos e artigos

07 DE FEVEREIRO, DIA NACIONAL DE LUTA DOS POVOS INDÍGENAS

Hoje, há centenas de etnias indígenas no Brasil, cada uma com sua peculiaridade, língua e cultura. O nosso país é rico em diversidade étnica e os povos indígenas são destaque. Na região onde nasci e moro, no noroeste do Estado do Amazonas, especificamente em São Gabriel da Cachoeira, existem 23 etnias e 13 diferentes línguas. O lugar é conhecido como “a cidade mais indígena do Brasil” e tem quatro línguas oficiais. Os desafios e lutas para manter firme as tradições dos nossos ancestrais, em uma época de modernização e avanço tecnológico, são grandes. 

Mais de 300 etnias indígenas vivem no território brasileiro, todas com suas lutas e desafios. Quero compartilhar apenas duas que tenho em mente: a primeira é a educação, e a segunda é a identidade. 

Minha esposa e eu começamos a morar em uma aldeia indígena em 2019, com o desejo de falar do amor de Jesus e também para termos uma aproximação mais eficaz com os moradores. E nos primeiros meses, montamos dois projetos: minha esposa deu aula de informática; e eu, de violão. Umas 30 pessoas – entre adolescentes e adultos – se interessaram. As aulas de violão foram tranquilas, mas as de informática tiveram obstáculos, pois uma boa parte dos alunos não sabia ler nem escrever.  

O que mais nos impressionou foi um adolescente de 12 anos que frequentava a escola da aldeia e que não conseguia sequer escrever o próprio nome. Então, minha esposa teve que ensiná-lo primeiro o alfabeto. Alguns líderes indígenas nos disseram que essa é a realidade de diversas aldeias da região. A educação é muita rasa. E sem uma boa educação um povo jamais irá progredir. 

Falar sobre identidade também é um desafio, já que cada um pode definir de forma pessoal ou de acordo com sua cultura e cosmovisão, lembrando que no Brasil há “os povos indígenas” (no plural). Somos muitos! Participei do CBM 2022 (Congresso Brasileiro de Missões) em Águas de Lindóia-SP, havia irmãos de vários lugares participando do evento. Dentre os participantes, alguns irmãos indígenas com cocar na cabeça e pintura no corpo, e eu estava sem os adereços. Em um dos dias em que eu estava junto dos irmãos da etnia Terena, todos caracterizados, uma pessoa se aproximou e me disse: você está muito descaracterizado, não parece indígena. Pensei: será que é o cocar e a pintura que me definem? Será que só sou indígena se estiver usando cocar ou com pinturas tribais no corpo? Não! Ser indígena vai além das vestes, é carregar nas veias o sangue dos primeiros moradores do Brasil, não se resume ao estereótipo. 

Gosto da frase de Marcos Terena, que diz: “Posso ser o que você é, sem deixar de ser quem sou”. Ou seja, com cocar sou indígena, sem cocar também sou; com pintura no corpo sou indígena, sem pintura também sou. 

Os dois assuntos são desafiantes para quem desenvolve a obra missionária entre povos indígenas, afinal, a Palavra de Deus nos foi entregue escrita, então, expomos a Palavra lendo a Bíblia. Para ajudar os que têm dificuldade na leitura, distribuímos Bíblias em áudio, isso facilitou muito a vida dos que querem aprender mais da Palavra e abençoou muito nosso ministério. Muitos indígenas da região têm complexo de inferioridade e, a partir do momento que descobrem que foram criados por Deus, começam a ter orgulho da sua identidade e de suas raízes, já que Deus os fez para que, à maneira que foram criados, glorifiquem ao Senhor, que os projetou de forma perfeita.

Quero agradecer a todos os irmãos da querida Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte. Vocês são nossos parceiros na evangelização dos povos indígenas! Muitos parentes indígenas têm ouvido falar de Jesus no meio da floresta amazônica graças à obediência dos amados irmãos em ofertar e orar pela obra missionária. Eu mesmo sou fruto do ministério de missões da Oitava; fui evangelizado por um casal enviado pela igreja à região onde moro, e atualmente atuo como missionário entre os indígenas.

 

 

Que Deus continue abençoando a vida de todos, e que juntos possamos avançar para que o Reino de Deus chegue a todos os povos! 

 

 

 

 

Abraço! 

– Lindelvan Costa – Missionário