Quando a formiga, o pedreiro e o preguiçoso se encontram
Acordei cedo, peguei meu café como sempre e fui pra janela, buscando ânimo para ir trabalhar. Não é fácil este trânsito todo, logo cedo… Afff..
Da janela observava um preguiçoso a dormir, me deu vontade de voltar pra minha cama. Olhei para o alto do prédio em construção, e me deparo com um jovem pedreiro, que sob o raiar do sol já estava a suar.
Fiquei refletindo, e vi que o preguiçoso deseja e nada tem, mas a alma dos diligentes se farta.
A observar fiquei, e vi uma formiga, próxima a mim na janela. Quis gritar para o preguiçoso:
Vai ter com a formiga seu preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio. Não tendo ela chefe, nem oficial, nem comandante, no estio, prepara o seu pão, na sega, ajunta o seu mantimento. Ei, preguiçoso, até quando ficarás deitado? Quando te levantarás do teu sono? Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado. Quis avisar, mas seria uma gritaria lascada, ninguém ia entender nada.
Vi que o pedreiro tinha ânimo, talvez porque a fome do trabalhador o faz trabalhar, porque a sua boca a isso o incita. Mas o preguiçoso mete a mão no prato e não quer ter o trabalho de a levar à boca.
Coisa complicada essa! Talvez, o preguiçoso ia morrer desejando, porque as suas mãos recusam trabalhar. Sei que o caminho do preguiçoso é como que cercado de espinhos, mas a vereda dos retos é plana. Acho que por isto tanta dificuldade pro preguiçoso, coitado…
Mas dificuldade todos têm, pensei eu, e em todo trabalho há proveito; meras palavras, porém, levam à penúria. Digno mesmo é o trabalhador do seu salário!
Respirei fundo, como quem se prepara para correr. Estou cheio de planos para o dia de hoje, mas de mim mesmo não posso dizer: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Eu não sei o que me sucederá amanhã. Que é a nossa vida? Somos, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, pensei: Se o Senhor quiser, não só vou viver, como também farei isto ou aquilo!
Saí da janela e fui orar, consagrar meu dia ao Senhor! Momento precioso, todo dia é assim que faço. Quer saber, que “afff” que nada, não posso reclamar. Deixa eu ir trabalhar…
Porque Deus abençoa mesmo é o trabalho!
Pr. Bruno Barroso | prbruno@oitavaigreja.com.br