Jesus ou Espiritualidade?
Especialmente nesta última década, temos testemunhado o surgimento de diversas Bíblias temáticas em português. Bíblia do Líder, das Mulheres, das Profecias, Apologética, Pentecostal, Reformada… e até a Bíblia de Estudo para Pequenos Grupos! Enquanto algumas tentam abordar o texto bíblico de forma mais imparcial, várias destas colocam lentes próprias sobre o texto, interpretando-o apenas à luz de sua ênfase particular. Podem servir como auxílio, mas, sem o devido cuidado, podem deixar míopes seus leitores.
De forma parecida, movimentos de espiritualidade propõem renovar a vida espiritual dos cristãos com fórmulas que resgatam práticas devocionais preciosas, mas numa ênfase que por vezes beira um fim em si próprio. De uma forma muitas vezes narcisista, passamos a olhar para nossas vida devocional como quem olha para o espelho e diz: você é [espiritualmente] lindo!
Ainda nesta toada, assinamos blogs e curtimos fanpages de homens de Deus, tornando-nos discípulos virtuais de gente que não nos conhece, propagando seus ensinamentos como verdade das verdades, mensagem que “todos precisam ouvir” (e, cá pra nós, muitas vezes apenas criticando a Igreja).
Não me entenda mal. Eu tenho Bíblias de Estudos, assino um blog e estou sempre lutando contra minha carne para melhorar minha prática devocional. O perigo aqui não é lançar mão de tais ferramentas, mas fazer delas a base de nossa vida cristã. Só há uma base, um fundamento: Jesus Cristo, nosso Senhor, “porque ninguém pode colocar outro fundamento além do que já está posto, que é Jesus Cristo.” (1 Coríntios 3:11).
Com as ofertas multiplicadas pela internet e pelo crescimento evangélico brasileiro (e com isso do “mercado gospel”), temos cada vez mais oportunidades de receber informação sobre como conduzir nossa espiritualidade, mas com a mesma facilidade perdemos de vista que nossa religião é nada menos que um relacionamento vivo com o autor e consumador de nossa fé, o Senhor Jesus. Não investimos em nossa espiritualidade, nós investimos no conhecimento e na comunhão com Jesus, através da Palavra de Deus e da oração, iluminados pelo Espírito Santo. Se trocamos este fundamento por qualquer outra fonte ou prática, perdemos de vista a centralidade de Cristo em nossas vidas.
Não permita que o uso de muletas – sejam elas livros, páginas ou um check-list de práticas – atrofie seus verdadeiros músculos espirituais. Jesus Cristo, através da ação renovadora e iluminadora do Espírito Santo, nos convida a um relacionamento vivo e intenso com a Trindade. Daí, passaremos a ser não consumidores no mercado gospel, mas canais de Vida no Reino de Deus.
Portanto, vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito.
Efésios 2:19-22
nEle,
Pr. Luís Fernando Nacif Rocha | prluis@oitavaigreja.com.br