A pesca maravilhosa
Jesus aparece a sete de seus discípulos, enquanto eles estavam pescando. O texto deixa claro que estava de noite quando eles saíram para pescar e que a ideia da pescaria foi de Pedro, que logo foi seguido pelos outros seis. Eles entraram no barco e passaram a noite toda sem pescar nada.
Quando o dia começou a clarear eles avistaram alguém na praia, mas, sem saber discernir quem era ao certo. Os fatos a seguir são muito interessantes. Mesmo sem saber quem era aquele homem, eles conversam com ele. Ele (Jesus) pergunta: “vocês tem aí alguma coisa para comer?” E a resposta meio sem graça foi: “não. Nós não pescamos nada a noite inteira”. Mesmo sem saber quem era aquele homem, eles ouvem o seu conselho: “joguem a rede do lado direito do barco que vocês vão achar os peixes”.
O mais interessante é que eles fazem o que aquele desconhecido sugere e o resultado é que eles conseguem pegar muitos peixes. Após o sucesso da pescaria, uma luz se acende e João descobre que é Jesus que está à beira da praia. Imediatamente ele fala com Pedro, que cinge a sua roupa e se lança ao mar, nadando em direção a Jesus.
Os outros discípulos ficam no barco, puxando a rede. Quando eles chegam em terra, percebem que Jesus os aguardava com um peixe assado e um pedaço de pão. Jesus pede para que eles tragam do fruto da sua pescaria. Simão entra no barco pega a rede sozinho e temos então o resultado da pescaria: 153 grandes peixes.
Jesus pega os peixes e prepara um refeição e oferece a todos. Esta foi a terceira vez que Ele se manifestou aos seus discípulos.
Este é o resumo da pesca, mas temos muito que aprender com cada um destes fatos. Quando acabou a festa de Pentecostes, os discípulos voltaram para o lugar onde se sentiam confortáveis, voltaram para suas casas, para os lugares onde cresceram e que conheciam bem. Mais do que isto, eles voltaram a fazer o que sabiam e gostavam de fazer. Eram pescadores, então foram pescar. Esta é a nossa natureza, procuramos sempre o caminho mais fácil. Somos resistentes às mudanças. Sempre que possível, voltamos a fazer o que nos é mais cômodo, mais fácil, e que não vai exigir muito de nós. Mas nesta noite, apesar de todo o conhecimento e prática, a pescaria foi um fracasso. Eles passaram uma noite inteira e não pegaram nada. Creio que aqui encontramos uma lição importante: o sucesso do nosso trabalho não depende dos nossos conhecimentos e habilidades, mas sim de estarmos fazendo o que Deus deseja que façamos.
Em segundo lugar, vejo o valor da experiência. Pedro já havia passado por uma pescaria ruim e Jesus o mandou lançar as rede. Neste momento, ele foi chamado para ser pescador de homens. Neste texto, após uma conversa com um desconhecido, ele faz algo improvável; ele segue o conselho de um desconhecido, mas ele faz isso porque sem que ele tivesse plena consciência, ele já havia passado por uma situação similar e deu certo. O que eu aprendo com isto, é que as nossas experiências com Deus nos preparam para novos desafios. Mesmo que de forma inconsciente, nossas experiências de fé nos ajudam em momentos críticos. Trazer à memória o que pode me dar esperança. Só pode viver, quem tem memórias para trazer à lembrança. É fato que a Bíblia também é uma fonte de registros seguros que me ajudam quando dou os meus passos de fé. Portanto, ler a Bíblia e viver o que ela me desafia a viver, me capacita a superar desafios cada vez maiores.
Outra lição importante é que Jesus não tinha alimento para todos. Os discípulos tiveram que se alimentar do fruto do seu próprio trabalho. Continua sendo assim nos dias de hoje. Jesus nos deu tudo que precisamos, mas nós temos que fazer a nossa parte. Temos que plantar e regar, aí sim, o crescimento vem, os frutos vem. O que eu posso fazer, Jesus não vai fazer por mim, mas Ele está lá com o fogo aceso para nos ajudar.
Mais um detalhe importante: João faz questão de dizer que Pedro pegou as redes no barco sozinho. Isto demonstra que Pedro era um homem muito forte. Quando ele se refere a ele mesmo, ele se chama de discípulo amado. Pedro era atirado, impetuoso, forte, ativo, atuante, e João era completamente diferente dele. Mesmo sendo muito diferentes, os dois foram muito usados por Deus. Deus usa pessoas diferentes para trabalhos diferentes. Vejo neste texto que todos nós, com nossas qualidades e limitações, somos úteis ao Reino de Deus. Pessoas completamente diferentes se completam e realizam cada um a sua parte na obra que o Senhor tem reservado para Sua Igreja.
Para encerrar. É curioso que nenhum deles, mesmo sabendo que era Jesus que estava ali, ousou perguntar ao Mestre quem Ele era. Na nossa caminhada com Cristo é assim mesmo; podemos até não vê-lo e não reconhecê-lo, mas através do seu cuidado e do seu amor, sabemos que Ele está sempre perto de nós. Eu não preciso perguntar; sei que Ele está comigo onde quer que eu ande.
Pr. Eduardo Borges | preduardo@oitavaigreja.com.br