Vivendo a mensagem da Cruz
Liberdade ou prisão? Leveza ou peso? Alegria ou opressão? Para muitos, viver uma vida religiosa é caminhar na tensão entre esses dois extremos, como se tornar um seguidor de Cristo fosse dar adeus à sua vida boa para passar a viver algo cheio de restrições. Quem assim pensa simplesmente não compreendeu ainda a natureza do Evangelho. O homem, segundo a instrução do Evangelho, é preso por natureza. Preso ao pecado, preso ao mundo, preso a si mesmo. Como não podia libertar-se a si mesmo, Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi enviado pelo Pai para morrer em nosso lugar para que, livres, pudéssemos fazer parte de Sua família. Por isso Paulo diz aos Gálatas que “foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (5:1), e completa: “por isso, vivam pelo Espírito” (5:16), ou seja, deixem que o Espírito Santo conduza a vida de vocês, e não tentem mais resolver as coisas no esforço próprio, tentando ser bonzinhos ou religiosos sem contar com a vida que Cristo dá.
Na matemática paulina, a questão é simples. A força que impulsiona sua vida vai determinar os frutos que você produz. Aquele que ainda está confiado na sua própria força, ou em sua própria carne, produz as obras dessa carne, cuja lista inclui idolatria, ciúmes, egoísmo, imoralidade, e daí em diante (5:19-21). Aquele que se deixou crucificar em Cristo Jesus, rendendo sua vida, sua vontade, seu querer ao Espírito Santo, produz o fruto do Espírito, ou melhor, vê o Espírito produzir em si esse fruto: amor, alegria, paz, paciência, bondade, mansidão, e daí por diante (5:22-23). Segundo Paulo, não há outra opção de vida para aquele que se converteu a Cristo: “Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito” (5:25).
Outra faceta da vida na carne ou no Espírito está ligada à lei da semeadura. “Aquilo que o homem semear, isso também colherá. Quem semeia para a sua carne da carne colherá destruição; mas quem semeia para o Espírito do Espírito colherá a vida eterna” (Gálatas 6:7-8). A atitude de andar no Espírito alimenta uma vida verdadeira, que dá bons frutos que nos levam a andar mais ainda no Espírito. Em contrapartida, confiar na carne é semear o pecado, o que causa destruição após destruição em todas as áreas da vida. Por isso, ainda que as tentações nos pressionem, “não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos” (6:9).
Assim, uma vida verdadeira, livre, alegre e sem opressão tem uma fonte apenas, Jesus Cristo, e uma forma de se viver, em rendição ao Espírito de Deus. Esta não é uma ação única que se faz ao entregar a vida a Cristo, mas um estilo de vida que precisa de uma decisão diária. Jesus mesmo disse “E Jesus proclamava às multidões: ‘Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia, e venha após mim’” (Lucas 9:23-24). Somos convidados e convocados para uma vida em liberdade, uma vida que se encontra não no que o mundo ou nosso ego deseja que sejamos, mas naquilo que o Espírito nos chamou para ser: imitadores de Cristo.
Se você tem deixado de semear do Espírito diariamente, firme novamente seus passos, arrependa-se e retome a caminhada. Se ainda não experimentou essa libertação, entregue-se a Cristo agora mesmo. Ele é Fiel para fazê-lo colher a tempo e fora de tempo.
Luís Fernando Nacif Rocha | prluis@oitavaigreja.com.br