Menu

Estudos e artigos

Cuidado com os de dentro

Pr. Luís Fernando Nacif Rocha

 

Conta o folclore sobre o amor de mãe que duas mulheres conversavam sobre seus filhos e uma delas resolveu listar os problemas que enfrentava com seu garoto, dizendo que ele era preguiçoso, desobediente, respondão etc. etc., quando a vizinha, meio que envolvida com o tema, resolveu concordar: “É! Seu filho é mesmo problemático.” Na mesma hora a mãe do menino fulminou a outra com o olhar, dizendo: “Dobre sua língua antes de falar do meu filho, Dona Fulana! Minha família é perfeita!” Apesar de uma anedota, é este o sentimento vigente dentro do coração de quem ama os seus – podemos até ter defeitos, mas somos a melhor família do mundo.

Quando nos entregamos a Cristo, recebemos não só um Pai e um Irmão mais velho, mas toda uma família de irmãos e irmãs com os quais agora vamos conviver, não só nesta nossa jornada terrena, mas por toda a eternidade na Nova Criação do reino de Deus. O que muitas vezes não notamos é que o Pai espera que cuidemos uns dos outros a partir do mesmo modelo que recebemos de cuidado do nosso irmão mais velho, Jesus Cristo.

O cuidado de Jesus com seus discípulos foi algo que superou qualquer expectativa. Ao se comparar com o pastor que cuida de suas ovelhas, Jesus se mostrou como o Bom Pastor, diferente do mercenário que, ao se deparar com um perigo, deixa as ovelhas à mercê do lobo e foge para se salvar. Assim, ao chegar ao fim de seu ministério terreno, Jesus reuniu seus discípulos e lhes disse: um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros. (João 13:34,35).

O padrão de cuidado que devemos ter uns para com os outros é o padrão que temos em Jesus, pois agora somos “concidadãos dos santos e membros da família de Deus” (Ef 2:19).

Uma pessoa que ama os seus não permite que alguém de sua família passe necessidade. Uma pessoa que ama os seus não deixa que outros ataquem a moral e a integridade de alguém de sua família. Uma pessoa que ama os seus não permite que um familiar seja abandonado nas mãos dos lobos, mesmo que este familiar seja o culpado de suas mazelas.

Paulo, escrevendo aos romanos, diz acerca do amor que temos em Jesus: “Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8:38-39).

Se somos da família de Deus, este amor deve ser o nosso padrão para todos os membros dessa família. Nem pecados, nem temperamentos, nem preferências, nem afinidades podem nos separar do amor que devemos uns aos outros.

E o padrão de cuidado que nos orienta é o padrão de Jesus: “assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.” (João 10:15). Ter cuidado com os da família da fé não é um talvez na vida do cristão, mas um mandamento.

Ao longo da história, a Igreja nunca foi perfeita (ou será no futuro), mas ela se aperfeiçoa em graça, poder e testemunho à medida que cuidamos uns dos outros no amor de Cristo, superando nossas dificuldades e celebrando nossa identidade no Espírito Daquele que nos chamou.

Que Cristo habite pela fé nos vossos corações, a fim de que, estando arraigados e fundados em amor, possais compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus.” (Efésios 3:17-19).