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“É possível famílias saudáveis num contexto de contradições.”

A família é um sistema, e como tal, tem regras, e seus membros tem direitos e deveres; influencia e é influenciada. Portanto, somos reflexo da sociedade em que vivemos, da época, da cultura, entre outros.

Quando pensamos nas famílias nas décadas de 1950, 1960 do século XX, percebemos a diferença, e por vezes acredita-se que lá era melhor. Verdade é que os papéis eram bem definidos, e tanto a família quanto a sociedade eram quase uma continuidade.
O fato é que a sociedade modificou-se, logo, o modelo de família também. Principalmente em função das transformações sociais, políticas, econômicas, que aconteceram. Talvez a grande mudança tenha ocorrido no papel da mulher na sociedade: a saída de casa para o mercado de trabalho, a luta por direitos, a escolha por ter filhos ou não contribuiu para mudanças na família.
Como cristãos, somos a favor da família, mas não comungamos da violência doméstica, seja entre casais ou entre pais e filhos, da tirania de homens que acreditam serem donos da mulher e dos filhos. Como cristãos, comungamos do amor, da possibilidade do diálogo, do crescimento familiar e da influência positiva de famílias na sociedade.

À luz de sua experiência e lida, como psicóloga e cristã junto às famílias, Janaína Coutinho traz seu alerta sobre a questão e diz como a Igreja de Cristo poderia ou deveria agir nesse contexto.

Voltando à ideia de família como sistema, é preciso compreender que cada família deve ter as suas fronteiras, isto é, seus limites. Estas fronteiras não devem ser lacradas, ou seja, deve-se permitir as trocas com a cultura, com a sociedade que se vive. Outras pessoas (e instituições, como a Igreja) podem contribuir para o desenvolvimento dos membros da família. Vale uma analogia com as fronteiras de um país. Elas existem, devem ser guardadas, algumas coisas são barradas e outras entram. Portanto, quando falamos em famílias, são os pais os responsáveis por fazer a segurança (pelo menos enquanto os filhos são pequenos). São estes que estabelecem os limites. Se tudo é permitido, a criança não consegue compreender e, futuramente, separar o que é bom e o que é ruim.

A RESPONSABILIDADE PELA CONSTRUÇÃO DA FAMÍLIA É DOS ADULTOS E DÁ TRABALHO; MAS É POSSÍVEL FAMÍLIAS SAUDÁVEIS, MESMO EM UM CONTEXTO TÃO CHEIO DE CONTRADIÇÕES.

Espera-se que dois adultos sejam responsáveis o suficiente para contribuir para o crescimento emocional, físico e espiritual de uma criança. Para citar um exemplo de fronteira que toda família pode perceber, a mídia tem uma força muito maior do que teria nos anos anteriores. O consumismo bate no seu computador, em sua televisão, no seu celular o tempo todo, e as crianças são alvos fáceis. Espera-se que os pais saibam dizer “NÃO”, e colocar limites.
Talvez seja este o ponto em que as famílias estão abrindo demais as fronteiras. Os pais têm sucumbido ao desejo dos filhos cada dia mais, e muitas vezes, por se sentirem culpados e tentarem compensar a ausência, a falta de diálogo com brinquedos novos, seja em qual idade for.
Portanto, o que temos visto são pais cada vez mais ausentes e filhos mais perdidos. A fim de evitar a birra, a briga, a negociação, libera-se tudo. Muitas vezes os pais não querem agir como os pais de outrora. Limites são saudáveis, e com amor torna-se leve. As famílias que não apresentam regras, longe de serem saudáveis, se tornam disfuncionais.
É preciso a flexibilidade para mudar as regras. À medida que os filhos crescem, não se pode aplicar as mesmas regras para uma criança e para um adolescente e, se há mais de um filho com idades diferentes, eles precisam compreender esta diferença. Pais (homens) precisam acompanhar os filhos; a presença da figura masculina é necessária para o crescimento dos meninos (em algumas famílias, o pai está ausente mesmo, mas há sempre um tio, um avô, que pode contribuir).
A responsabilidade pela construção da família é dos adultos e dá trabalho; mas é possível famílias saudáveis, mesmo em um contexto tão cheio de contradições.

 

JANAÍNA MOUTINHO COSTA    |   Psicóloga clínica, professora universitária e palestrante. É também membro da Oitava igreja e professora da EBT (Escola Bíblica de Treinamento) para adolescentes.

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