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Estudos e artigos

ANTIOQUIA – O PRIMEIRO PORTAL MISSIONÁRIO

O evangelista Lucas, no livro de Atos, relata extraordinariamente a base e origem da fé e o desenvolvimento da Igreja primitiva, que acontecem a partir da magnífica ressurreição de Cristo e o derramamento do Espírito no Pentecoste, festa judaica  que ocorria no quinquagésimo dia após a Páscoa. Esse derramamento do Espírito Santo fez com que a igreja em Jerusalém avançasse irresistivelmente ao seu destino e à sua tarefa, apesar de toda a perseguição.

Contudo, a Igreja ainda era uma instituição puramente judia. A partir de Atos 8 em diante, a mensagem muda de direção. Inicia de judeus para judeus, judeus para os samaritanos e segue rumo aos gentios. Nos gentios começa com Pedro, e depois o Espírito Santo usa Paulo com poder e graça como pregador para os gentios.

Na primeira metade do livro de Atos, a igreja de Jerusalém é o centro da narrativa e o tema principal é a expansão da igreja por toda a Palestina. Na segunda metade Jerusalém passa para segundo plano, e Antioquia se torna o centro da narrativa, promovendo a expansão da igreja na Ásia e Europa. Essa expansão realizou-se por meio de três missões de Paulo, cada uma começando e terminando em Antioquia, a igreja enviadora, de onde o Evangelho foi levado para as terras mais longínquas do império (At 13.2).

O crescimento e a expansão da igreja de Cristo eram impulsionados pela mensagem que testemunhavam.  A Igreja inevitavelmente cresce ao anunciar o Evangelho de Cristo, a mensagem do Cristo morto e ressurreto. A Palavra, a mensagem extraordinária anunciada pelos discípulos de Jesus depois de Pentecoste, em Jerusalém, estava transpondo as nações. E tinha um propósito bem definido: testificar tudo que viveram, viram e ouviram, estando ainda com Jesus.

Antioquia era a terceira cidade do mundo antigo em tamanho, uma bela cidade, porém, sinônimo de imoralidade e luxúria. Tinha uma culinária exótica, atividades esportivas – especialmente as corridas de carruagens, que chamavam a atenção dos apostadores – e uma belíssima arquitetura greco-romana. É nesse contexto que acontece um dos maiores eventos da História, a partir de Antioquia, pela primeira vez, prega-se deliberadamente o Evangelho aos gentios. Os pregadores provinham de Chipre e Cirene (Atos 11) – ninguém sabe e nem jamais se saberá quem eram. Crentes anônimos pioneiros na expansão da Igreja de Cristo. Mas, “A mão do Senhor estava com eles…”.

A graça da salvação chegara aos gentios, e essa notícia viajou até a igreja de Jerusalém. Quem foi que investigou? Barnabé (filho da exortação), um homem “cheio do Espírito Santo e de fé”. Exemplo de fé e generosidade (At 4.37), intercedeu por Paulo (At 9.27). E pela soberana vontade de Deus foi a ponte que ligou o apóstolo aos gentios. Um grande motivador. 

Barnabé, vendo as maravilhas que o Senhor operava na multidão dos gentios, vai para Tarso buscar Paulo. Ele sabia que Paulo era o homem certo para a tarefa que se abria a partir de Antioquia. Lá, os discípulos de Cristo foram chamados “cristãos” (At 11.26), título que significa “amigos de Cristo”. Todavia, eram muito mais que amigos, eram membros do Corpo de Cristo. O que Paulo e Barnabé ensinaram em Antioquia foi aprendido. A primeira coisa que a Igreja local fez foi ajudar os irmãos da Judeia (At 11.29). O poder do Evangelho em servir impulsionava a Igreja.

Portanto, a Igreja de Cristo cumpre a missão de Deus e cresce, quando há edificação mútua, quando se prega o Evangelho da graça, quando se pratica o que aprendeu. Na missão de Deus, a soberania d’Ele não isenta a responsabilidade humana. A Igreja de Cristo se torna uma igreja para o mundo, onde sua marca principal é a pregação do Evangelho puro e simples.

Não há outro Evangelho a ser pregado. A Igreja crescerá porque fala sobre “novas criaturas”, “reconciliação com Deus” (2 Co 5.17-19), “novo nascimento”, “nova cidadania,” “novas percepções”, “novo coração”, amor, servidão, perdão, graça, justificação pela fé, coisas que não se conhecem no mundo, somente na Igreja.

Ao anunciarmos o Evangelho, mesmo que sejamos crentes anônimos sem reconhecimento na História (como os irmãos de Chipre e Cirene), nosso conforto e segurança é que os nossos nomes estão escritos no Livro da Vida.

  • Pr. Milton Fernandes – Pastor Auxilliar