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Se compararmos o texto de Lucas com o texto original (Dt 6:5), perceberemos que Cristo adiciona ao amar “com todo entendimento”. O ponto é deixar claro que temos que amar a Deus com todo o nosso ser, inclusive nosso pensar. Mas, pense sobre isso. Será que estamos acostumados a amar alguém com nossa mente? Falamos: “eu te amo de todo coração” ou “eu te amo de toda minha alma”, mas quem fala “eu te amo com todo meu cérebro”? Então, como amar a Deus com toda nossa mente, tendo nosso pensamento centrado em Cristo, principalmente fora da igreja?

Precisamos aprender a ter prazer tanto ao ler a Bíblia quanto ao ler o livro da natureza, as coisas que Deus criou. E esse pensar faz com que nosso amor desperte. Quando você ama alguém, você busca conhecê-lo. Da mesma forma, quem ama a Deus irá buscar conhecê-lo; e quanto mais o conhecermos, mais glorioso Ele será aos nossos olhos.

Somos chamados para amar a Deus com o entendimento que já temos dele. Precisamos crescer em entendimento, mas isso não significa que, para amar a Deus, você precisa antes ser um PhD.

E este é o desafio: todo nosso pensamento, quer extensivamente (todo tipo de pensamento), quer intensivamente (com todo empenho). Jesus responde aos seus inquisidores com um exemplo prático. Como devo amar o meu próximo e quem é o meu próximo? São duas definições que nos ajudam a compreender o que é amar a Deus com todo o entendimento. Se permitirmos, nossa visão religiosa nos impedirá de ver de fato quem é o necessitado e qual é o papel que Deus espera que realizemos. Aos olhos humanos, posso ter ótimas desculpas, mas Deus quer de fato saber não se eu apenas conheço as leis, mas se eu as estou vivenciando.

Paulo vai mais longe ainda. Ele nos exorta em Colossenses 3 a buscar as coisas que são do alto, mas também nos orienta a pensar nas coisas que são do alto. Como posso buscar algo em que não penso? Impossível. Como posso adorar a Deus com todo meu entendimento se não coloco em prática o que sei a Seu respeito e quanto ao que Ele espera de mim?

O pouco que sei, se colocado em prática, agradará a Deus. O grande problema são pessoas que sabem muito, mas não praticam nada. Nessa fala, é preciso que fiquem claras duas coisas: 1) não estou incentivando ninguém a não estudar e se acomodar com o pouco que sabe a respeito de Deus. 2) Não estou criticando quem estuda muito e sabe muito a respeito de Deus. Estou falando contra quem se esconde atrás do seu pouco conhecimento e também exortando os que muito sabem, mas que pouco praticam.

Parece-me ser algo bem natural amar a Deus de todo coração, de toda a nossa alma e com toda a nossa força. Jesus nos orienta a irmos além desses passos. Todo conhecimento e entendimento que tenho acerca de Deus e do mundo devem me levar a glorificá-lo sempre. Em todo o tempo estou pensando, mas que tipo de pensamento eu tenho? São pensamentos de amor ao meu Deus? Creio que, se não ficarmos atentos, nossos pensamentos nos levarão a lugares muito distantes de Deus.

Para buscar e pensar nas coisas que são do alto, tenho que matar a minha natureza terrena, ou seja, existe algo em mim que torna antinatural desejar amar a Deus e pensar em Deus o tempo todo, mas é algo que sou orientado a fazer. Usar todo meu entendimento, o tempo todo e de maneira intensa é algo que somente o Espírito Santo pode operar em mim. Graças a Deus por isso!

Parecem duas ordens simples: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, mas, na verdade, são ordens que só podem ser atingidas pela intervenção do Espírito Santo em nós. Os intérpretes da Lei conheciam a Lei e a ensinavam, mas diante de uma história simples como a do bom samaritano, Jesus revela a distância do entendimento que eles tinham da lei, das suas práticas diárias de adoração.

Que sejamos todos mais simples. Que busquemos amar a Deus com tudo o que somos. Que nossos pensamentos estejam cativos à vontade de Deus e que nossas ações sejam condizentes com o que Deus espera de nós.

Pastor Eduardo Borges | preduardo@oitavaigreja.com.br