Cristo Aquele que nos transforma e torna nosso lar “pescadores de homens”
A pesca maravilhosa (João 21.1-14)
Nada do que Jesus fez e que foi registrado nos Evangelhos foi ao acaso. Cada movimento, cada palavra, cada olhar – tudo teve seu propósito. Algumas ações são mais que claras a todos nós, como o fato de Ele morrer numa execução humilhante numa cruz romana. Outros fatos têm seu significado implícito, como quando Ele curou um homem de sua cegueira em duas etapas, em Marcos 8:22-26. Outros, ainda que tentemos explicar, continuam cercados de mistério, como quando Jesus aplica saliva nos olhos do cego, nesta mesma passagem.
No texto da pesca maravilhosa, em João 21:1-14, o evangelista traz alguns detalhes daqueles últimos episódios de Jesus antes de subir aos céus que não acredito que sejam obra do mero acaso:
“Vou pescar” – Pedro e seus amigos já haviam experimentado a realidade da ressurreição, tendo se encontrado pessoalmente com Jesus, e, como Tomé, até tocado nEle. Mas, mesmo tendo sido comissionados por Jesus (veja João 20:21), eles ainda se sentem um pouco sem rumo, e resolvem, por segurança, voltar ao seu dia a dia de pescadores. Ao invés de buscar a direção de uma nova vida em Cristo, preferem continuar em seus afazeres, ainda que infrutíferos (“naquela noite, nada apanharam”).
“Mas, ao clarear da madrugada” – o Evangelho escrito por João é recheado de alusões ao dia e à noite, à luz e à escuridão, como símbolos de nossa condição espiritual. Aqui, Jesus aparece aos discípulos quando a luz do dia começa a raiar, numa encenação prática do que Ele estava por fazer em suas vidas: trazer luz, direção, propósito. Quando Jesus chega, tudo fica claro e com sentido.
“Trazei alguns dos peixes” – Jesus havia preparado brasas para assarem peixes, mas já tinha seus peixes e pão (v. 9). De nada Ele tinha falta, mas mesmo assim Ele pede a Pedro que traga alguns dos peixes recém pescados. Cristo é soberano e poderoso, e em nada precisa de nós para cumprir seus propósitos. Mas, nos tratando como família que Ele nos fez ser, Ele deseja nos envolver em Seus propósitos maiores, realizando milagres não só em nós, mas através de nós.
“Jesus tomou o pão e o peixe e lhes deu” – Um filme repleto de cenas passa na mente dos discípulos. A multiplicação dos pães e peixes, quando Jesus sustenta uma multidão de famintos. O partir do pão da última páscoa. Cenas de extrema intimidade com Jesus, onde Pedro e seus colegas podem sossegar o coração e deixar as incertezas de lado, pois o Mestre está vivo, e Ele os irá sustentar em cada momento da jornada.
“Pescadores de homens” – É certo que uma dessas cenas que passou na mente dos discípulos foi a cena do chamado deles à beira do mesmo lago, quando da mesma maneira pescavam (Mateus 4:18-20). “E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (v. 19). Como eles responderam de forma imediata ao chamado naquela primeira vez, eles são agora compelidos a deixar as redes de lado e seguir, não mais aquele Rabi cativante e desconhecido, mas agora o Cristo ressurreto, Senhor poderoso sobre terra e céus.
Mas este mesmo Jesus continua agindo ao longo da história. E nada do que Ele faz é sem propósito. E nisto podemos incluir a sua vida e sua família. Ele alcançou sua vida para que você pudesse experimentar o mesmo propósito dos primeiros discípulos como “pescadores de homens”. E se também alcançou sua família, é para que ela se torne uma família de “pescadores de famílias”. Deixe passar novamente em sua mente o filme das inúmeras bênçãos já recebidas das mãos de Jesus, largue para trás as preocupações da vida que o paralisam e lance as redes sob a palavra de Jesus. O resultado não será outro: peixes e mais peixes, gente e mais gente. Ainda que Ele o possa fazer sozinho, é com você e sua família que Ele deseja contar.
Pr. Luis Fernando Nacif Rocha | prluis@oitavaigreja.com.br