TORNANDO-NOS PESSOAS DAS BOAS NOVAS DE CRISTO
“De fato, vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor.” (1 Tessalonicenses 1.6a)
As primeiras notícias assustadoras sobre a perseguição do Estado Islâmico (grupo extremista violento que surgiu recentemente no Iraque e na Síria) relatavam que cristãos estavam tendo as portas de suas casas marcadas com uma grande letra “N”, indicando que eram seguidores do Nazareno, uma referência a Jesus de Nazaré. Mas, é interessante notar que não foi a primeira vez que isso acontecera. Em Atos 24.5, Paulo foi acusado de ser um perturbador da ordem, “o principal agitador da seita dos nazarenos”.
Entretanto, uma outra forma de chamar os seguidores de Jesus havia surgido antes disso. Em Atos 11.26, aqueles que seguiam a Jesus foram chamados pela primeira vez de “cristãos”, que significava o povo, os discípulos, os servos de Cristo, as pessoas que se identificavam com os ensinamentos e com o estilo de vida daquele a quem seguiam.
Um bom exemplo prático daquilo que levou os incrédulos a chamar os discípulos de cristãos está em Atos 4.13, quando as autoridades de Jerusalém reconheceram que Pedro e João “haviam estado com Jesus”, pela maneira com que ousadamente falavam do Reino de Deus. Dois pescadores galileus, sem boa educação formal, falavam com profundidade sobre as coisas espirituais, sem contar o fato de terem curado um aleijado de nascença (veja Atos 3), algo que eles só haviam visto em Jesus, há bem pouco tempo.
A questão não é tanto o que Pedro e João fizeram, mas em que eles se tornaram. Eles não apenas falavam sobre a boa notícia, o Evangelho de Jesus Cristo. Eles encarnaram esse Evangelho, anunciando a Jesus, mas também vivendo da maneira como viram Jesus viver.
Na verdade, as duas coisas são inseparáveis. Não somos funcionários dos Correios, que não têm ligação alguma com o conteúdo das cartas que estão entregando. Ninguém, ao receber um pacote na porta de sua casa, pergunta quais as convicções pessoais do carteiro, o que ele fez na noite passada, se ele ama a família ou trata bem seus colegas. Não dá para imaginar alguém recusando uma encomenda porque o carteiro é um grosso, mal-educado.
A aceitação da mensagem do Evangelho, entretanto, é proporcional ao tanto que o mensageiro se parece com o Senhor Jesus. Sobre os apóstolos, era dito que “com grande poder continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e grandiosa graça estava sobre todos eles” (Atos 4.33), pois repartiam seus bens com os irmãos, à medida que surgiam as necessidades. Paulo, por sua vez, entendendo o seu chamado de ser como Jesus, não teve receio em desafiar seus discípulos a se espelharem em sua própria vida, ao dizer: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1 Coríntios 11.1).
Essa mesma ousadia deve estar na vida de todo discípulo de Jesus. Ser um fiel mensageiro das boas novas de salvação implica em sermos parecidos com aquele que é a boa nova. Amar, servir, doar-se, respeitar, ser humilde, generoso… todas as características que vemos em Jesus Cristo são as que se espera dos portadores de sua mensagem. E em suas próprias palavras, “Um novo mandamento lhes dou: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros. Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (João 13.34-35).
Nós não dependemos de letras “N” pintadas nas portas de nossas casas, mas do enchimento do Espírito Santo para que as pessoas à nossa volta reconheçam que somos cristãos, e que sejam atraídas pelo poder de Deus para receberem a mensagem das Boas Novas de salvação em Cristo Jesus.
“Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus.” (Atos 4.31)
Pr. Luís Fernando Nacif Rocha
Pastor Auxiliar