Menu

Notícias

SETEMBRO AMARELO – POR ROBERTO AYLMER

Hoje, quero chamar sua atenção para o Setembro Amarelo – Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

O suicídio é a causa de morte de mais de 1 milhão de pessozas por ano no mundo… sendo a sua maioria de jovens… isso mesmo, de jovens. Os mais novos aparecem nas pesquisas como a população mais afetada e mais vulnerável.

Pensar em morte enquanto passamos por tempos difíceis é uma condição comum. Mas planejar a morte… isso já ultrapassa o que é aceitável.

Com o avançar da pandemia e a série de efeitos que ela tem trazido para nossas rotinas, temos visto um aumento significativo do cansaço, irritabilidade, abatimento e pensamentos negativos.

Posso dizer que não estar bem é o “normal” quando as coisas não estão normais por tanto tempo, mas precisamos aprender a lidar com esse novo contexto.

Você pode fazer três coisas simples que ajudariam você e a quem está por perto:

  1. Preste atenção se você tem preconceito contra pessoas que procuram ajuda de um psiquiatra ou psicólogo. Muitas empresas estão oferecendo essa ajuda gratuita, mas as pessoas têm medo de serem estigmatizadas, taxadas de “malucas” se pedirem ajuda profissional. Em particular nas empresas offshore, de siderurgia e indústrias pesadas… onde há a fama do machão que aguenta tudo… ajude a mudar esse preconceito. Converse com algum profissional para uma “revisão”, como o que a gente faz com o carro antes de viajar de férias com a família;

  2. Preste atenção nas pessoas próximas. Se elas estão se fechando, falando menos, até reclamando menos… especialmente se for um jovem… chegue perto… pergunte o que está acontecendo… não tente mudá-las ou criticá-las… nem sempre o conselho é a melhor ajuda, às vezes um ouvido interessado e um abraço sincero podem ser o melhor remédio. Uma pessoa deprimida não consegue – bioquimicamente falando – ver o sol brilhando lá fora e as possibilidades. Ela precisa de ajuda e medicamentos específicos;
  3. Todos nós estamos, de certa forma, afetados por este contexto tão difícil e longo. Perdemos pessoas amadas e o futuro permanece incerto, então, o melhor que podemos fazer é prestar atenção em nós mesmos e nos outros e fazer o que nos trouxe até aqui: nos importarmos com o outro e lutarmos juntos. Mais do que simpatia, precisamos de empatia e compaixão.

Para você entender, imagine que você vai ao enterro da mãe de uma pessoa querida… na simpatia você fala: “Meus sentimentos”. Foi legal ter ido expressar sua simpatia. Mas na empatia você fica por perto e, quando tem uma chance, abraça a pessoa e chora junto, em silêncio… aquele abraço atravessa o vale da sombra e da morte e alcança a pessoa onde ela está.

E na compaixão? Depois daquele abraço profundo, você vai para a casa dela para ajudar a arrumar as coisas e insiste em ficar perto até que ela consiga andar de novo. Preste atenção: conecte-se… use os recursos da telemedicina e telepsicologia que estão disponíveis e cuide bem de você e de quem está perto.

Essa crise tem dia e hora para acabar. Vamos juntos, e sairemos mais fortes!

Roberto Aylmer – Médico psiquiatra há 35 anos, e há 30 estudando o impacto do trabalho na saúde mental, com teses de mestrado e doutorado na gestão da pressão e da performance.