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ONDE ESTÁ DEUS EM MEIO ÀS TRAGÉDIAS?

“Por que Deus permitiu que isso acontecesse?”. Em algum momento da sua vida, você já fez essa pergunta? Esse e outros questionamentos são difíceis de evitar quando algo ruim acontece. Seja a morte de um ente querido, algum acidente ou tragédia que nos acomete, nossa tendência é perguntar: onde está Deus? Para responder a essas indagações, podemos recorrer ao livro de Jó.

Imagem: Freepik

Na história bíblica, Jó, um homem íntegro e temente a Deus, tem de um dia para o outro sua vida “virada de cabeça para baixo”: dono de grandes posses, tudo lhe é roubado; seu próspero rebanho morre, seus filhos morrem, e ele é acometido por uma doença. No ápice do sofrimento, seus amigos e o que restou de sua família afirmam veementemente que Deus o abandonou. Aos olhos humanos, toda a natureza e o próprio Deus estavam contra Jó. Como enxergar Deus em uma situação como essa?

“Quando a gente olha para os primeiros e os últimos capítulos do livro, a gente percebe que Deus está no mesmo lugar que sempre esteve, afirma o Pr. Gustavo Quirino, pastor auxiliar na Oitava Igreja.  “Deus está sentado sobre Seu trono. Deus está governando o universo. Quando a tragédia acontece, quando aquilo que é imponderável na vida, aquilo que nós não controlamos nos acomete, Deus continua sentado sobre um alto e sublime trono. Deus continua governando todas essas coisas”.

Mas se Deus governa todas as coisas, por que Ele permite que tantos desastres aconteçam? “As tragédias acontecem por conta da maldade do nosso coração”, explica. O que faz com que esse mundo que nós vivemos seja um mundo injusto e que tem tantos problemas e tanto sofrimento é o pecado que está dentro do nosso coração. A linha de pensamento aqui não é aquela que diz, como os amigos de Jó, que alguém sofre o que sofre por causa de seu pecado pessoal. A conversa aqui é sobre algo mais profundo: o pecado que toda a humanidade e toda a natureza estão abaixo.

Após a Queda, em Gênesis 3, todas as nossas relações – com Deus, uns com os outros, com a natureza e com tudo o que nos cerca – foram corrompidas pelo pecado. E é por essa causa que tragédias acontecem.

Contudo, há outra notícia boa em meio a tudo isso. Além da segurança que podemos ter de que Deus é soberano e está no controle de todas as coisas, podemos ter certeza de que Ele tem um propósito com o sofrimento. “Talvez”, reflete o pastor, “o propósito central de Deus com o nosso sofrimento é nos ensinar, em primeiro lugar, que Ele está nos preparando um lugar sem sofrimento”.

Tudo o que passamos nessa Terra é temporário e passageiro. Desde a Eternidade Deus planejou pôr fim à maldade. Dar fim ao pecado. Para isso, Ele enviou Seu próprio Filho, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1.29), para ser sacrificado por nossa causa. Jesus está preparando para nós um lugar melhor (João 14), Ele tem um plano de uma vida melhor para Seus filhos. E é nisso que nossos olhos devem focar. O sofrimento se torna, acredita o pastor, “um convite para que nós possamos olhar para essa injustiça, olhar para esse sofrimento e enxergar, apesar dessas coisas, esperança”.

Então, Deus nos ensina a olhar para a Eternidade. O apóstolo Paulo, em sua carta aos irmãos na igreja de Corinto, escreve: “mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Coríntios 4.16-18).

Nossa esperança e a nossa expectativa de dias melhores, portanto, não estão nesta Terra. Dessa forma, a aflição, completa o pastor, “nos convida a olhar para Cristo e entender que existe vida no meio do sofrimento, nos convida a olhar para a Eternidade e entender que esse sofrimento acaba, que esse sofrimento passa. [Ele] É passageiro [se] comparado com a eternidade de alegria com Cristo. Mas também nos convida a aprender a sermos mais sábios, a aprender que Deus, ainda sim no trono, está coordenando todas as coisas para o nosso bem (Romanos 8.28)”.

Está aí uma profunda verdade: até mesmo no sofrimento Deus age para o nosso bem. Nem sempre entendemos a forma como as coisas acontecem, entretanto, de alguma forma, as aflições produzem em nós algo bom.

O sofrimento nos ensina, nos faz crescer e nos aproxima de Deus. O propósito de nossa vida é conhecer a Deus, e até mesmo nos dias maus Ele nos conduz nesse caminho. Após as provações, Jó pôde declarar: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42. 5). O sofrimento nos aproxima de Deus, da eternidade e de Cristo.

A vida é sim injusta e difícil, não estamos blindados contra o sofrimento. Todos nós passamos por dificuldades. Todavia, temos uma forma de lidar com os nossos infortúnios e continuar firmes. Jesus Cristo conhece e se compadece dos nossos sofrimentos. Ele pode nos dar alegria e contentamento apesar das circunstâncias. Como conclui o pastor, “talvez esse seja um dos maiores milagres da vida cristã, que, no meio do sofrimento, no meio da tragédia, no meio da dor, nós podemos ter alegria. É a inversão do Reino. Feliz é quem chora, o forte é quem é fraco. E é isso que o Evangelho nos proporciona: consolo”.

Sem dúvidas, Deus nos consola e nos chama a consolar os que choram. Firmados na fé, temos a certeza de que o sofrimento tem fim; o Senhor não nos abandona; muito mais que isso, Ele está ao nosso lado.