O QUE O BRASIL PRECISA REDESCOBRIR
Em 22 de abril de 1500, data-se o descobrimento do Brasil. Ironia de termos. Havia, pelo menos, cinco milhões de índios nas regiões de Vera Cruz. No suposto objetivo da Coroa Portuguesa de catequização, o que houve, de fato, foi conhecido como colônia de exploração.
Juntamente com as trocas de espelhos pela madeira, a colonização portuguesa levou a vida dos índios. Levou dos índios a vida e trouxe a vida dos africanos, escravos. Ninguém fica isento. Escravos vendidos por seus próprios patrícios. Mas isso é outra história, afinal, todos pecaram.
Segue-se então a tal fadada descoberta. Das cartas de Pero Vaz de Caminha, escrivão do descobridor inocente Pedro Álvares Cabral, temos as palavras de avaliação da terra. Viram a terra como sua e o povo como posse. “Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!”
Sabemos como foi e hoje sabemos o rumo disso tudo. Reclamar do Brasil para nós parece esporte. Falamos de crise como se nunca tivéssemos vivido bonança. Falamos da corrupção como se ela não viesse de nós. O que precisamos redescobrir afinal? Tornar atrás, arrepender e buscar em um novo pensamento uma mudança?
Creio eu, o autor, retomando as palavras de Pero Vaz, a necessidade de vermos essa terra como acontecera com os navegantes das naus portuguesas. Devemos ver essa terra com toda sua beleza. Seu mar azul nos mais diversos tons e seus rios caudalosos cheios de vida. Sua floresta que suporta a maior fauna e flora do mundo. Seu subsolo rico que outrora saqueado, continua a verter ouro e aço. O Brasil é demais em tudo.
Rever seu povo, índio e agora negro, cafuzo, mameluco, branco e amarelo, agora misturado, dando tons de pele que só temos nas ruas e campos do nosso país. Rever com dignidade, sem objetivo colonizador e escravista. Ver seu povo com os olhos de Deus, vendo todos como iguais e infinitamente diferentes. Vendo a história pregressa como um caminho a ser consertado e levando o pensamento dos que sofreram à liberdade, mostrando a todos que podemos mais que sermos vítima da história.
Redescobrir o sentido original da pregação e da palavra que deram como desculpa para saquear as novas terras e ao invés de levar vida, trazê-la.
Precisamos redescobrir o sentido de comunidade cristã, de liberdade religiosa, de Evangelho além da tradição que coloniza e levar vida aos que se encontram perdidos em um território tão vasto. Precisamos além de redescobrir o Brasil, descobrir o véu da ignorância que nos escraviza e levar Cristo Jesus aos cidadãos brasileiros.
Pr. Bruno Barroso
Pastor Auxiliar