O DESAFIO DE SER EVANGÉLICO
Dia do Evangélico é celebrado no dia 30 deste mês.
Ao longo de todo o processo eleitoral pelo qual passamos, muito se falou do peso dos evangélicos na disputa de votos. Ambos os candidatos trabalharam, a seu modo, para conquistar a simpatia desse segmento, mostrando sua importância em toda a corrida. No Brasil, em uma janela relativamente curta de tempo, os chamados evangélicos passaram de uma parcela discreta nas estatísticas religiosas para um dos segmentos mais relevantes do nosso cenário social, trazendo consigo uma visibilidade na mídia, com músicas, novelas e programas feito por eles e para eles.
Contudo, como podemos entender quem são os evangélicos? O termo, por si, não é tão antigo. Eu me lembro da minha pré-adolescência, quando comecei a frequentar a Igreja Presbiteriana, que éramos chamados de “crentes” ou “protestantes”. Não eram muitas denominações, éramos uma minoria, e encontrar um outro crente numa sala de aula era um enorme alívio.
O tempo foi passando e o Evangelho foi se espalhando. Com uma progressão geométrica, as igrejas cresciam e, diferente de tudo o que se experimentava até então, “crentes” começaram a despontar em todas as camadas sociais, inclusive na mídia, onde a resistência e a vergonha de se assumir crente em Jesus foi aos poucos desaparecendo.
Instaurou-se, assim, o “movimento evangélico”. A princípio, o movimento foi uma bênção. Apesar de ainda sermos uma pequena parcela da sociedade, a visibilidade trouxe respeito e uma maior abertura no que tange a proclamação da nossa fé. Contudo, um outro efeito também se instalou, e não tão abençoado assim. Com o crescimento das igrejas, o discipulado dos novos convertidos não conseguiu acompanhar sua chegada, criando uma população de novos “evangélicos” que tiveram uma experiência superficial de conversão, ou mesmo um convencimento mais social do que espiritual, sem terem um conhecimento mais profundo do que significa seguir a Cristo.
Aliado a isso, o surgimento de novas denominações que pregavam uma cruz esvaziada de compromisso moral e ético, algumas delas experimentando um enorme crescimento, fez com que esse movimento evangélico fosse populado por um sem número de crentes sem conhecimento das Escrituras e sem uma orientação que se traduzisse na vida prática.
O resultado disso é que, hoje, os evangélicos são um movimento cristão que vai além do espiritual e religioso. Ele já é um movimento social, em que expressões que identificávamos com os católicos romanos, como a existência do “católico nominal”, são vistas também entre os evangélicos, com seu nominalismo crescente. Da mesma forma, vemos celebridades que se declaram evangélicas na mídia, postando camisas com dizeres cristãos e frequentando cultos, mas têm comportamentos que vão na completa contramão de tudo o que o Evangelho ensina.
Hoje, graças a Deus, o crescimento das igrejas evangélicas continua no Brasil e no mundo, e mais do que nunca é preciso entender que nem todo evangélico teve uma genuína experiência de conversão a Jesus Cristo. O fato de frequentar e até ser membro de uma igreja evangélica é, por si só, uma bênção, mas não é sinal de uma verdadeira mudança de vida. Mais do que nunca, é preciso desenvolver um discipulado que leva cada crente a entender seu lugar no Reino de Deus, com suas bênçãos mas também seus compromissos, abandonando o antigo estilo de vida para uma vida baseada na santidade de Cristo e na proclamação missionária do verdadeiro Evangelho, e não “dos evangélicos”.
O Reino de Deus é como uma semente de mostarda, que crescerá até atingir todas as etnias sobre a face da terra. Cabe a nós, crentes-protestantes-evangélicos, na força do Espírito, trabalharmos para que o Reino cresça com a marca da santidade e avivamento que cabem bem ao nosso Senhor.
A Ele toda a glória!
– Pr. Luis F. Nacif Rocha – Pastor Auxiliar