JESUS CHAMA A TODOS
A representação autista na série The Chosen
Pessoas de todos os povos, raças, línguas e nações. Essa é a diversidade do Povo de Deus. E por que entre os escolhidos não haveria indivíduos com um desenvolvimento atípico? Esse foi o pensamento de Dallas Jenkins, criador, roteirista e diretor da já consagrada série The Chosen – “Os Escolhidos” em português -, ao representar o evangelista Mateus.
A série surpreendeu a todos ao apresentar o discípulo de Jesus como um autista. Mais especificamente com a Síndrome de Asperger. Claro, esse tipo de diagnóstico não existia naquela época. Entretanto, Dallas, com casos do transtorno em sua família, incluindo sua filha, ao analisar o Evangelho escrito por Mateus para a construção do roteiro dos episódios, percebeu certos traços que poderiam enquadrar o discípulo neste espectro.
Uma das características observadas pelo diretor está atrelada ao fato de Mateus ser um cobrador de impostos. Ter esse emprego dá a ele uma proximidade com números, levando-o a sistematizar e organizar as coisas ao seu redor. A maneira como ele escreve e agrupa a genealogia de Jesus no primeiro capítulo de seu livro é uma bela amostra dessa aptidão.
Outro aspecto que não passou despercebido por Jenkins são os detalhes da narrativa de Mateus. Desde o cuidado de registrar longos discursos de Jesus, até os paralelos e referências entre a vida de Cristo e as profecias sobre o messias prometido no Antigo Testamento. O evangelista demonstra um zelo especial por destrinchar as conexões entre o judaísmo e o cristianismo.
Segundo o diretor, com base em seu conhecimento e familiaridade com o assunto, seria plausível afirmar que Mateus era autista. E ele aproveitou essa conclusão para trazer a representatividade na série.
E essa representação causou uma ótima repercussão. Mateus está entre os personagens queridinhos pelos fãs da série. O motivo do impacto é a grande conexão gerada entre o público e o personagem, tanto por ele ser um símbolo de um novo começo, como a identificação por parte daqueles que se sentem deslocados e excluídos pela sociedade. Afinal, por ser um cobrador de impostos, Mateus era considerado um traidor por seu povo e, por ser judeu, era desprezado pelos romanos; e, ao seguir Jesus, deixa tudo para trás, busca perdão dos seus ao mesmo tempo que não deixa seu passado defini-lo.
Paras Patel, ator que interpreta Mateus, diz se sentir abençoado por poder representar esse papel. Segundo ele, seu maior presente nessa atuação é que “realmente trouxe um holofote à comunidade autista e àqueles que são neurodivergentes. Também mostrou que eles têm um lugar nesse mundo, que eles são estimados e aceitos. E é tão importante para nós termos pessoas para se espelhar e ver pessoas como nós, porque ajuda a você se sentir incluído e que você não está isolado ou sozinho”. Patel relata também que muitos pais o procuraram para contar que, após assistirem à série, passaram a entender melhor seus filhos.
Esse resultado é apenas mais uma prova da importância de trazer essa pauta para discussão. E este mês é propício para isso, pois ele é conhecido como “Abril Azul”, uma ação dedicada à conscientização e a visibilidade ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). O movimento foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Segundo a agência especializada em saúde da ONU, a OMS – Organização Mundial de Saúde –, uma em cada 160 crianças no mundo tem TEA. De acordo com a organização, pode-se diagnosticar o transtorno entre os primeiros cinco anos de vida, sendo que tende a persistir até a fase adulta. As principais características do TEA, conforme a OMS, são: dificuldade de comunicação e de interação social; padrões de comportamentos repetitivos e restritivos.
Em alguns casos, pessoas com TEA irão depender de apoio e cuidados ao longo da vida; em outros, conseguirão viver de forma independente. Com isso, toda a sociedade e especialmente a Igreja não podem deixar de dar a devida atenção a esses casos. O apoio emocional, físico e econômico aos indivíduos e às famílias deve fazer parte da nossa vida enquanto cristãos. Não deixe que o preconceito e a desinformação o impeçam de ser um suporte àquele que precisa!
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