DESAFIO CIGANO
Projeto de evangelismo do Conselho Missionário com povo cigano tem levado a Palavra do Senhor e cidadania aos acampamentos da região de BH.
Roupas coloridas, vestidos longos e com babados, muita jóia, cabelos compridos e tatuagens de rosas para as mulheres. Para os homens, uma botina imponente, chapéu, correntes e grandes pulseiras. Dentes de ouro e fala cantada desde a infância para os meninos e meninas, sejam eles Roms, Sintis ou Calóns.
Casas abertas, panelas brilhando, cortinas e roupas de cama em cores vivas, muitos animais, carros e olhares curiosos. A vida em uma comunidade cigana é baseada no coletivo. Não há muros nem divisões entre as barracas ou construções de alvenaria. No terreno, as moradias formam quase um círculo, delimitando ali uma área de convivência e toda uma vida compartilhada.
Os traços fortes da cultura cigana são reconhecíveis em todo lugar. De longe, um acampamento é identificado. Muitos temem, passam longe, evitam olhar, ignoram a realidade diferente da sua. Alguns permitem que suas mãos sejam “lidas” pelas viúvas. São as mulheres que perderam seus maridos que buscam na leitura de mãos o seu sustento. Mas, por incrível que pareça, não existe misticismo ali, apenas uma prática comum para gerar renda.
Há mitos e curiosidades sobre os ciganos. E, talvez por isso, eles ainda sejam um dos povos menos alcançados pelo Evangelho. É para reverter essa situação que o Conselho Missionário da Oitava Igreja realiza um projeto de evangelização e de alfabetização nos acampamentos ciganos de Belo Horizonte e das cidades da região metropolitana.
A equipe se desloca semanalmente. Alguns dos destinos são os municípios de Matozinhos – que tem cerca de seis acampamentos e 113 ciganos – e Pedro Leopoldo – com cinco acampamentos e aproximadamente 130 ciganos, onde dão aulas para crianças e adultos e fazem as ações evangelísticas, como um pequeno culto, onde cantam louvores, oram e falam sobre alguma passagem bíblica.
O trabalho é árduo, também envolve o apoio nas questões sociais do grupo, como a matrícula em escolas, ajuda com documentação, contato com setores públicos e passeios. E vale a pena. Uma das moradoras do acampamento de Matozinhos, que terá a sua identidade resguardada por motivos de segurança, conta com alegria como o projeto de alcance aos ciganos tem levado um novo tempo para sua comunidade: “Depois que eles vieram aqui a nossa vida e a vida das nossas crianças mudou, o nosso acampamento está cheio de paz e de bênçãos, graças a Deus”.
Outra senhora, que já frequenta uma igreja evangélica da região, relata que o projeto tem os ajudado a vencer dois obstáculos: o analfabetismo e a falta de pregação. “Nós não sabíamos o que era a Palavra de Deus, não conhecíamos, porque não tínhamos leitura, mas agora eles estão trazendo para nossas crianças a leitura e o canto dos corinhos. Nossas crianças cantam aqui, elas ficam rodando e cantando, então para nós é um motivo de muita alegria, e para Jesus muito mais”, afirma.
É um desafio considerável. Ainda existem centenas de ciganos não alcançados e certa dificuldade com aqueles que já ouviram da Palavra, devido a questões legais que envolvem o seu povo. E se por um lado há o preconceito e a falta de acesso, do outro estão esforço e dedicação de uma equipe que doa um pouco de seu tempo e de sua experiência para falar do amor de Deus, ensinar, deixar legados e criar vínculos especiais.
Grande é a seara. Muito e ainda mais pode ser feito e você pode se juntar a este grupo. Se tem um chamado missionário ou deseja apoiar o projeto de alguma forma, procure o Conselho Missionário e cumpra o “ide” de Jesus.
NÚMEROS DOS CIGANOS
– 800.000 no Brasil (país com o maior número de ciganos).
– 500, aproximadamente, vivem na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
– 291 cidades brasileiras abrigam os acampamentos (a maioria em Minas e na Bahia).
– 24 é o número de missionários em tempo integral que dedicam seu ministério a esse povo, em todo o Brasil.