50 ANOS DA OITAVA IGREJA – DAS REUNIÕES NOS LARES À OITAVINHA
Na primeira matéria especial dos 50 anos da Oitava Igreja, conhecemos a história das reuniões de oração nas casas, da Congregação e a organização na Rua Itamogi.
Rua Guanhães, 244, bairro Colégio Batista. O endereço lhe é familiar? Se você está na Oitava desde os tempos de sua fundação, pode se recordar dos encontros ainda na época da Congregação Presbiteriana do Floresta – vinculada à Primeira Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte, que tiveram início em 1963. Mas as raízes da Oitava Igreja são datadas anteriores ao endereço citado acima. Anos mais cedo, irmãos que frequentavam a Primeira Igreja, na área central, e moravam no bairro Floresta, desejosos de participarem das reuniões, mas impedidos diversas vezes pela distância, iniciaram encontros de oração semanais nas casas. A cada semana, um lar diferente recebia as cinco ou seis famílias daquela região para oração, louvor e comunhão. A visita aos lares acabou aproximando as famílias e criando laços fortes de amizade.
A Belo Horizonte da década de 1960 muito se difere do que vemos hoje. O transporte público era muito limitado, algumas poucas opções de locomoção e, ainda, para poucos bairros. Podiam se deslocar pela cidade as famílias que tinham carro próprio. As igrejas ainda estavam instaladas em pontos específicos da cidade e, por isso, os templos centrais recebiam famílias de várias regiões. Assim, andava-se muito a pé e, para frequentar as reuniões, era preciso voltar cedo para casa.
Os encontros começaram a tomar forma e então foi plantada a Congregação, após a escolha de uma casa na Rua Guanhães. O Sr. Ângelo Pio, 94, que foi Presbítero da Oitava por mais de 20 anos, conta que havia mudado para Belo Horizonte recentemente quando conheceu o Pr. Wilson de Souza, na época, Pastor da Primeira Igreja. O Sr. Ângelo ainda não era convertido, era espírita, mas acompanhava a esposa, Dona Guiomar, para ajudar na congregação, após o pedido do Pr. Wilson. Ele se recorda da busca pelo terreno que receberia a Congregação. Segundo ele, a casa antiga da Rua Guanhães, 244, antes de receber a igreja, era um dos maiores centros espíritas da cidade. Por isso, ele considera que região foi muito abençoada com a chegada da igreja. Curiosamente, hoje, mais de 50 anos depois, o Sr. Ângelo mora em um prédio construído exatamente no mesmo endereço que recebeu a Congregação Presbiteriana do Floresta. Sua história está profundamente vinculada à igreja.
A de Jane Marinho Queiroz Costa Narciso, a Jane do Rubinho, também. Ela fez parte da primeira turma de Profissão de Fé da congregação e lembra que o Rev. Wilson de Souza, que num futuro próximo se tornaria pastor da igreja, foi o convidado para ministrar o culto. Além disso, desde a época em que era dos préadolescentes, cantava no coral, regido pelo Sr. Benício. Ela conta como o clima era familiar e bem próximo naquela época: “Lá era muito gostoso. Eles derrubaram duas paredes e três cômodos formaram o templo e lá aconteciam todos os cultos. Era interessante porque era pouca gente, então acontecia várias vezes do pastor estar pregando e um irmão levantar a mão: ‘Espera aí, pastor, e sobre isso?’. E o culto virava um estudo bíblico”, relembra. Atualmente, Jane participa do Desperta Débora.
Célia Serranegra Marinho Vieira, 53, filha de Wilson Serranegra, um dos responsáveis pelo início dos trabalhos na Congregação, também nasceu na igreja. Ela conta que tudo começou pelo desejo de seu pai de falar do Evangelho de Cristo, criando o que é chamado de Ponto de Pregação, e relembra que a igreja começou com poucas pessoas, em torno de 12 membros. Aos poucos, a Congregação foi chamando a atenção de pessoas do bairro e de outras igrejas, chegando a 50 pessoas. Célia foi a primeira criança batizada na Congregação. Hoje, junto com seu esposo, Dr. Flavius, ela é líder do Curso de Noivos da Oitava.
O ambiente familiar e a proximidade entre os membros já faziam parte da história da Oitava desde o seu início. José Rubens, o Rubinho, afirma que a união entre as famílias chamou a sua atenção, mesmo antes de sua conversão: “Participei da Oitava de uma forma totalmente diferente. Comecei a frequentar a Congregação no Alto Colégio Batista atrás dessa moça [Jane] e nessa época eu não tinha vínculo nenhum com igreja, até escutava o contrário, que o crente era muito perigoso, mas eram seis ou oito famílias que tinham por ali e eram muito unidas”, classifica.
Ali nasceram os primeiros ministérios, as sociedades internas, os corais… Frutos de oração e muita dedicação de irmãos que sonhavam em ver a cidade e a vida das pessoas transformadas pelo Evangelho de Cristo Jesus. Entre os trabalhos realizados pela igreja naquela época, Jane conta emocionada sobre a atuação da SAF, a Sociedade Auxiliadora Feminina, da qual sua mãe, Dona Marta Queiroz Costa, fazia parte: “Elas trabalhavam muito: faziam enxoval de bebê e no final do mês contavam quantos tinham para doar. A maioria não tinha gente para ajudar em casa, eram donas de casa que criaram filhos e davam conta da parte social da igreja, de reunião de oração… Elas eram valentes, faziam o trabalho excepcionalmente”, elogia.
Cerca de seis anos depois, em 1969, a Congregação foi emancipada e foi organizada a Oitava Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte. Tendo como primeiro pastor titular o Rev. Josafá Xavier, ao fim de seu primeiro ano, a Oitava contava com 116 membros, sendo 84 deles comungantes. No início da década de 1970, após a mudança de nome, mudaram também a localização. O endereço escolhido para receber a Oitava foi a Rua Itamogi, 70, Colégio Batista. Ali nasceu, na prática, a Oitavinha, como é carinhosamente chamada até hoje.
A construção foi relativamente rápida, mas a mudança para o novo endereço aconteceu ainda com obras. O novo prédio tinha um templo com capacidade para 200 pessoas. Jane comenta que sua família participou de perto da compra do terreno e da construção: “Uma coisa muito linda era que os presbíteros, na época em que estavam construindo, avisavam na igreja as contas que precisavam pagar e se não desse, faziam uma ‘vaquinha’ entre eles e pagavam”, conta.
Para Jane, o mais marcante daquele momento foi a mudança ainda sem nada na igreja: “Você não sabia o que seria o quê, e a gente reunia no subsolo. Chovia e pingava para todos os lados”, comenta com bom humor. Esse período foi realmente impactante, pois Célia relembra o mesmo fato: “Lembro de ir ver a construção. Meu pai ia lá praticamente todos os dias na hora do seu almoço. Foi algo tremendo. Não havia caixa, no final de cada semana eles faziam uma ‘vaquinha’ para pagar as contas. Sempre dava, tiravam do bolso”, afirma. Ela ainda acrescenta que a chegada da Oitava incomodou a vizinhança, mas que após um desmoronamento na rua, com a provisão de Deus e a atuação da igreja, os vizinhos foram conquistados. Também se recorda dos detalhes das obras e das dificuldades na época da construção: “Morávamos pertinho, lembro dos bancos de bonde, das goteiras…”.
A instalação na Rua Itamogi trouxe mais famílias, mas não deixou de lado a característica de proximidade entre os membros. Segundo Rubinho, o tamanho da igreja facilitou essa unidade: “Aquela união existiu porque era uma igreja muito pequena, todo mundo conhecia todo mundo. Lá na Itamogi era fácil de se relacionar. As lembranças que eu tenho da Oitava são as melhores possíveis”, completa. O período foi de adaptações e aprendizados, mas, sobretudo, de ver como a provisão e o sustento de Deus são presentes desde os primeiros momentos da história da igreja.
Na década de 1970 passaram pela Oitava também o Rev. Américo Gomes Coelho, Rev. Humberto Aragão Filho e o Rev. Magner Martins de Souza, antes do convite ao Rev. Wilson de Souza. A igreja passou por um período de turbulência antes de registrar um grande crescimento na década seguinte. E a história continua. No próximo mês a matéria especial da Oitava Revista contará a chegada do Pr. Wilson, seu pastoreio e a vinda do Pr. Jeremias Pereira. Acompanhe!